Moradores da Baixa de Luanda queixam-se da falta de urinóis na via pública

Cidadãos sugerem ao Governo da Província de Luanda a encontrar, com urgência, uma solução para contornar o actual quadro, que ensombra a imagem da cidade da Kianda

A escassos metros da Igreja Sagrada Família, no Maculusso, numa das zonas privilegiadas da cidade de Luanda, uma zungueira caminha em direcção a uma viatura. Sem se importar com os olhares, em plena luz do dia, pousou a banheira que carregava à cabeça, abriu o fecho da saia, cobriu-se com o seu pano, inclinou-se ao lado de uma das rodas de frente da viatura e, num ápice, o chão ficou completamente molhado.

O odor provocado pela urina da zungueira e de outras pessoas antes dela começou a atacar de imediato o olfacto de quem por aí passasse. Indagada sobre o motivo que a levou a urinar naquele local, a mulher não deu voltas: “Mijei aí porque não tive outra opção. Os urinóis públicos estão todos estragados”, justificou.

A poucos metros do local em que se encontrava há uma casa de banho pública que já não funciona há muito tempo.

Para constatar o estado dos urinóis públicos, o Jornal de Angola efectuou uma ronda pela cidade de Luanda.

O resultado foi assustador. Todos estão inoperantes e, nalguns casos, vandalizados. Por não terem outra opção, os transeuntes estão sujeitos a urinar e a defecar em qualquer lugar, poluindo o ambiente, o que constitui um atentado à saúde pública.

“Com as casas de banho públicas encerradas, não temos outra saída que não seja urinar nos cantos das paredes”, disse Manuel Patrício.

À semelhança de Manuel Patrício, outros cidadãos admitiram terem passado pela mesma situação, sempre que se deslocam ao centro e noutras partes da cidade de Luanda. No seu entender, o Governo da Província de Luanda devia encontrar, com urgência, uma saída para contornar o actual quadro, que ensombra a imagem da cidade da Kianda.

“Este problema não é novo”, indicou António Fidel, um vendedor ambulante que trabalha nas imediações da Igreja Sagrada Família.

Esclareceu que a paralisação das casas de banho públicas aconteceu no momento em que a empresa gestora abandonou-as, depois de ficar vários meses sem receber, do Governo da Província de Luanda, os  pagamentos.

“Com a crise económica e financeira, a empresa viu-se impedida de receber os pagamentos durante vários meses. Como consequência, deixou de fazer a gestão das casas de banho públicas. É por essa razão que os banheiros estão entregues à sua sorte”, garantiu.

Pelo uso dos urinóis públicos, prosseguiu, o usuário pagava um valor simbólico, mas não era com o dinheiro daí arrecadado que a empresa vivia.

Para muitos, devido à ausência de urinóis, Luanda transformou-se num “urinol a céu aberto”, como facilmente comprova quem anda pela cidade, por mais desatento que seja.

O cidadão, ao virar de uma esquina, pode esbarrar com homens ou mulheres de qualquer idade, encostados ou agachados a uma parede ou árvore a urinar.


Rua Rainha Ginga

Um dos “urinóis públicos  a céu aberto” da Baixa de Luanda situa-se na Rua Rainha Ginga, quase numa das esquinas que liga com a Amílcar Cabral. A dois passos há uma paragem de táxis colectivos e um espaço de comes e bebes que, nem por isso, se pode queixar de falta de freguesia. Mas, trata-se apenas de mais um entre tantos da cidade.

Os moradores queixam-se do odor provocado pela urina. Lamentam e dizem que já não sabem onde recorrer, sendo que, essas situações estão à vista de quem fiscaliza e devia criar as condições para estancar essas situações.

“Eu não consigo ficar por baixo do meu prédio durante muito tempo, devido ao cheiro. Mesmo até dentro de casa consigo, algumas vezes, sentir o odor da urina, causando-me mal estar e ao meu filho que tem apenas um ano e sete meses”, lamentou o morador Rui dos Santos.

O entrevistado revelou que muitas actividades de sensibilização já foram realizadas, mas os próprios moradores não colaboram, sendo que aos finais de semana o odor da urina no seu edifício atinge o pico devido aos “ambientes” e com a falta de urinóis, só há uma maneira de se esvaziarem dos líquidos ingeridos.

Uma moradora da Rua da Missão, que preferiu não ser identificada, manifestou insatisfação pelas condições da zona próxima à sua residência.

“Na Rua da Missão, numa das esquinas com o Largo Irene Cohen, há uma Rolloute que sempre que os jovens estão lá, a minha porta é a vítima de todas as descargas. Estou sempre a colocar água com qualquer detergente para ver se o odor passa. Já não sei onde reclamar ou aonde recorrer. Peço a quem de direito que ajude”, apelou.

“Lembro-me que, antigamente, nos bairros periféricos de Luanda, existiam os quartos de banho públicos. Acho que devemos nos inspirar um bocado naquela iniciativa” acrescentou.

A entrevistada conta que essa prática é feita tanto por mulheres como por homens, causando enormes prejuízos para os moradores daquela zona, forçando-os a procurar formas de prevenir isso como escrever nos muros “Proibido urinar”. Outro morador escreveu na parede da sua residência “urinar é na pia, seja higiénico”.

Na ronda feita pelo Jornal de Angola, foram encontrados apenas quatro urinóis. O primeiro está localizado no  Largo do Lumeji, junto à Universidade Lusíada de Angola. Neste urinol, que por sinal tem gerência privada, cobra-se 100 Kz para  fazer as necessidades. Neste local há um quiosque responsável pela fiscalização do local.

O Grupo Art Jan é o responsável  pelos outros  três urinóis, que estão espalhados em diversos pontos da cidade de Luanda, nomeadamente: Avenida Deolinda Rodrigues, junto ao Largo da Independência, Avenida Ho Chi Minh, junto à Sede do MPLA e, por último, na mesma avenida, perto do Colégio Leonardo da Vinci. Para usar esses urinóis, o utente paga 50 Kz.

Nas imediações da Rua Marechal Brós Tito, a escassos metros do Cemitério Alto das Cruzes, constata-se uma casa de banho pública, que está encerrada temporariamente.

Enquanto isso, os urinóis instalados há alguns anos em vários pontos de Luanda, continuam a deteriorar-se por falta de cuidado de quem tinha a obrigação de os preservar. Muitos estão a servir como depósitos de lixo.

Fonte: JA

Ver mais em: https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/falta-de-urinois-na-cidade-de-luanda-transforma-espacos-publicos-em-mictorios/

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