A directora da NeuroKandengues, Chayah Malhi, apelou à criação de um Plano Nacional da Criança com Paralisia Cerebral, que poderá ser uma possível solução para combater uma doença que alegadamente afecta “1 a cada 10 crianças angolanas”.
Chayah Malhi considera que este paradigma é muito grave, porque pode levar à morte das crianças, embora não haja “estatísticas fidedignas em Angola, porque é uma questão ignorada a todos os níveis”, lamenta.
Para termos uma ideia do que representa o problema “a esperança média de vida de uma pessoa com paralisia cerebral nos países ocidentais pode ser de 70 anos, mas em África anda entre os 18 e 23 anos”, frisou a responsável da Neurokandengues.
Nos últimos dois anos, a organização sem fins lucrativos apoiou 1.399 crianças em todo o país, sobretudo nas províncias do Moxico, Benguela, Bié, Huila, Luanda e Cabinda.
A Neurokandengues recebe poucos apoios, “essencialmente de empresários”, tendo de assumir a responsabilidade do pagamento de tratamentos, que oscilam entre 1,5 e dois milhões de kwanzas mensais por paciente, e suportando as despesas de medicação, consultas, exames, alimentos e higiene.
“São custos muito, muito altos, que a esmagadora maioria das pessoas não pode suportar”, sublinha Chayah Malhi.
Para tornar o projecto sustentável, a organização “tem encontrado oportunidades de emprego para os pais de algumas destas crianças, para que possam sustentar as famílias e não ficar dependentes da Neurokandengues para continuar o tratamento dos filhos”, revela a mesma fonte.
“Este prémio faz-me acreditar que Angola está realmente a rumar para uma sociedade mais inclusiva. O projecto Neurokandengues tenta dar voz a este grupo de pessoas socialmente excluídas, que não falam, não andam e vivem na periferia e em lugares onde poucos chegam. Não existem barreiras impossíveis de derrubar”, declarou a vencedora do Prémios Tigra Nova Garra2021, na categoria de Saúde.
Fonte: Jornal de Angola
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