Presidente Macky Sall pretende concorrer a novo mandato

Várias organizações da sociedade civil senegalesa pediram, ontem, ao Presidente Macky Sall para confirmar se as informações segundo as quais ele pretende concorrer , em 2024,a um terceiro mandato, violando a Constituição, correspondem à verdade.

A oposição, que acusa Marcky Sall, eleito em 2012 e reeleito em 2019, de manter latente a intenção de concorrer para um terceiro mandato, promete forte resistência caso o Presidente viole a Constituição , que só permite dois mandatos consecutivos.

Políticos ligados a Marcky Saal defendem publicamente que a recandidatura para um terceiro mandato, sugerindo uma revisão constitucional para permitir esta pretensão.

Num comunicado , duas organizações de defesa dos direitos humanos do país, concretamente AfrikaJom e a Raddho, lembram que “em alguns países africanos , no passado recente, a violação da Constituição para um terceiro mandato presidencial levou a consequências trágicas”, numa aparente referência a casos verificados na Guiné, Côte d’ivoire e até mesmo no Senegal”.

“Para consequências que podem ser ainda mais dramáticas do que as de 2012, convidamos o senhor Presidente a fazer uma declaração aberta para remover qualquer ambiguidade”, escreveram a AfrikaJom e a Raddho.

“A limitação dos mandatos é inequívoca e definitivamente ancorada na lei fundamental”, disseram, exigindo ao Presidente “uma declaração verbal ou escrita” para o país.

Em 2012, a candidatura de Abdoulaye Wade para um terceiro mandato provocou violência que deixou várias pessoas mortas. As ONGs apontam que o então deputado Sall se opôs energicamente contra o terceiro mandato de Wade, uma luta, a qual ele era o principal beneficiário.

“Convidamos sua excelência, solenemente, a não apresentar a candidatura para a eleição presidencial de 2024, por respeito à Constituição”, dizem.

Entretanto, apoiantes do principal líder da oposição senegalesa, Ousmane Sonko, em digressão pelo Oeste do país, foram dispersos, ontem, pela Polícia que os acusou de “um encontro ilegal”, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.

Ousmane Sonko, 49 anos, candidato às eleições presidenciais de 2024, anunciou no fim-de- semana que vai fazer uma digressão pelo país para visitar líderes religiosos e funcionários do seu partido.

Sonko, terceiro classificado nas eleições presidenciais de 2019, foi indiciado por, supostamente, ter violado uma funcionária de um salão de beleza onde fazia massagem. Revoltados com esta acusação, os seus apoiantes desencadearam tumultos mortais, saques e destruição.

Preocupação da amnistia Internacional

A secretário-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, disse, ontem, estar preocupada com um “estreitamento do espaço para as liberdades individuais” na África Ocidental. Falando em Dakar após visitas ao Senegal e ao Mali, a responsável deplorou o uso excessivo da força contra os manifestantes pela Polícia e o Exército senegalês após as eleições legislativas de Junho.

“O uso excessivo da força deve acabar. Este é um elemento crucial para evitar outros abusos e mortes, particularmente num contexto pré-eleitoral onde a liberdade de expressão e a liberdade de associação são absolutamente cruciais”, disse Agnès Callamard, citada pela BBC.

Callamard, fez também referência à situação no Mali, onde a violência contra civis vem aumentando desde o início do ano. “Reconhecidamente, os incidentes de segurança têm aumentado desde Janeiro de 2002. A Amnistia Internacional e outras organizações de defesa dos direitos humanos notaram um aumento da violência contra a população civil no Mali desde o início do ano, o que não é muito, ou nada, reconhecido pelas autoridades”, denunciou.

Fonte: Jornal de Angola
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