Solução para a escassez de água

A província de Luanda vai conhecer grandes melhorias, nos próximos tempos, na distribuição domiciliar de água potável e no saneamento básico, caso se materialize o projecto de construção do Rio Luanda.

O projecto vai, igualmente, permitir gerar energia com a força das águas, para iluminar o próprio traçado do rio, que percorrerá 66 quilómetros da província, e para o funcionamento de algumas máquinas e equipamentos integrantes da empreitada.

Avaliado em 1.6 mil milhões de dólares, o Rio Luanda tem como ponto de partida o município de Viana, passando pelo Cazenga e termina em Cacuaco.

A ideia da criação do Rio Luanda, esclareceu o engenheiro civil António Henriques, um dos mentores do projecto, é resolver o problema do saneamento básico, através de um novo modelo de tratamento de esgotos e reaproveitamento das águas residuais.

António Venâncio avançou que o projecto vai dispor de uma capacidade para fornecer água abundante 24 horas a toda a população de Luanda, baseado em parâmetros técnico-matemático.

A trabalhar com Francisco Lopes, o engenheiro António Venâncio ressaltou que “a provincia tem a possibilidade de acabar com as interrupções no fornecimento de água, por causa do moderno método usado na construção do empreendimento que acautela questões de ruptura”.

O projecto inclui ainda a construção de duas praias fluviais e estações de tratamento de águas.

Para o mentor do projecto, a fasquia mais pesada do ponto de vista financeiro é a parte habitacional, resultante das indeminizações referentes à transferência de dez mil famílias, que teriam de ser desalojadas ao longo do traçado por onde serão feitas as obras.

A construção do Rio Luanda, segundo António Venâncio, vai permitir ter um melhor microclima, com grandes plantações de florestas e uma variedade e qualidade da água. “Vamos ter esse produto para beber e irrigar as plantas, sem cloro”.

Considerou o projecto altamente ambicioso e um dos maiores a erguer depois da Independência Nacional, por causa do efeito e impacto sobre o número de habitantes, cerca de 15 milhões de beneficiários, ou seja, mais de dois terços da população angolana.

“Estamos convictos de que a construção do rio vai solucionar o problema da água potável e industrial, saneamento básico, uma vez que permitirá melhor aproveitamento dos recursos hídricos”, explicou.

António Venâncio referiu que o modelo vai ajudar a prevenir mortes, tendo em conta a montagem de um sistema de saneamento básico no geral, que disporá de técnicas para recolher a água podre nas lagoas onde se reproduzem milhões de mosquitos. “Vai-se recolher todas as águas, quando chove, e mandar para o rio, onde será tratada e reaproveitada”, explicou, para acrescentar que se trata de um projecto com ganhos sociais, políticos, económicos e de saúde.

Maior arejamento nos musseques

O reordenamento da cidade e o arejamento do musseque vão permitir uma vida mais saudável e arejada e a cidade passaria a ficar oxigenada.

Idealizado, há mais de três anos, pelos engenheiros Francisco Lopes e António Venâncio, o Rio Luanda vai permitir obter vários benefícios no plano turístico, combate à pobreza, melhoria da saúde pública, eliminação dos charcos e a redistribuição dos habitantes que ocupam zonas inundáveis, por onde passa o rio Cambamba.

Avançou que as obras programadas vão permitir um melhor realojamento da população que vive debaixo das linhas de água e contribuir para o reordenamento do território e o arejamento dos musseques.

Considerou que é um projecto aplicável em zona urbana como o que existe em outros países como Portugal, Brasil, França, Inglaterra e Rússia, por ser ali onde se buscam as peças principais para se fazer saneamento básico em benefício das populações.

O engenheiro civil criticou o facto de se insistir em dar água para a população beber, sem que se pense em fazer crescer a vegetação. “Não tendo vegetação, não oxigena a cidade e o microclima não ajuda para a saúde pública”, disse.

Com a evolução da ciência, toda a água pode ser aproveitável para beber, para agricultura e protecção da costa.

A legislação ambiental

Um dos primeiros passos para a construção do Rio Luanda, na visão dos engenheiros Francisco Lopes e António Venâncio, é a criação de legislação apropriada que dá sustentabilidade ao projecto em carteira.

António Venâncio realçou não existir condiçóes legais necessárias para que haja um saneamento básico à altura, que iria orientar os parâmetros técnicos, económicos e sociais.

O engenheiro explicou que o Rio Luanda está a ser pensado do ponto de vista da Engenharia, mas há lacunas no que diz respeito à presença de regulamentos e normas que podem ajudar a resolver o problema.

O projecto está numa fase em que o Executivo pode receber todos os dados explicativos, para debates e discussão, e, posteriormente, mediante concurso público, fazer a adjudicação da obra.

Para isso, disse terem visitado os espaços, fez-se inquéritos em torno do projecto, em que foram contabilizados cerca de dez mil habitações a desactivar ao longo do traçado onde vai ser construído o Rio Luanda.

“Se o Estado quiser, podemos fazer um rio muito mais potente”, avançou, quando confirmou a apresentação do projecto “Rio Luanda” ao ex-Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa.

António Venâncio disse já terem escrito ao Presidente da República, que reagiu positivamente ao projecto, ao ordenar que os mentores do projecto fossem ouvidos por algumas instituições do Estado, com destaque para o Ministério da Energia e Águas e Governo da Província de Luanda.

“Até agora, infelizmente, ainda não fomos chamados para debater o projecto. Em Luanda, temos um novo governador e esperamos que a sua equipa técnica possa connosco conversar, para apresentarmos o projecto mediante orientação presidencial”.

Previstas três bacias de retenção

O engenheiro Francico Lopes anunciou que o projecto prevê a construção de três bacias de retenção, para regular o fluxo da água e permitir que o volume deste produto acumulado sirva para diferentes consumos das regiões.

As referidas bacias, segundo o engenheiro, vão ser erguidas no Kikuxi, Cazenga e Nova Vida ou Catintom, com comportas para regular o fluxo de água.

Francisco Lopes salienta que, com o Rio Luanda se pretende fazer uma reserva de cinco milhões de metros cúbicos de água, um milhão dos quais tirados do rio Kwanza para o Bengo.

“O Rio Luanda pode resolver os problemas das inundações em Viana”, disse, para avançar que está prevista a construção de centrais de tratamento de água, no Cazenga, Marçal e Golfe, com 250 mil metros cúbico por dia, para esta última zona do município do Kilamba Kiaxi.

O engenheiro Francisco Lopes ressaltou que está projectada, igualmente, a construção de uma central de tratamento de água para a zona do Benfica.

  Traçado de um rio existente do ponto de vista técnico

O engenheiro hidráulico Francisco Lopes, na sua alocução, começou por fazer uma estruturação do sistema de drenagem das águas da época colonial, sublinhando que  “o rio Luanda, tecnicamente, existe”.

Depois, referiu que a construção do Rio Luanda vai permitir repor a circulação natural das águas, a partir de Viana, caminhando para o Cazenga, nas lagoas que existem na zona do Kima Kieza e Calawenda, e renaturalizar a bacia hidrográfica existente na zona do Patrício.

A entrada e saída de água nova oxigenada, explicou, vai permitir salvaguardar a qualidade da água do rio, que pode ser usada para o abastecimento de casa, limpeza pública, fazer do lugar um ponto de recreação e uma valência para a produção de energia e transporte.

Explicou que o Rio Luanda tem o seu ponto de partida na região do Cassaqui, município de Viana, com 14 quilómetros até a Avenida Fidel de Castro, e percorre até à Praça da Madeira, passando pela Sapu.

Da Madeira, avançou, tem uma bifurcação, sendo que um braço vai para a zona do Coelho e seguindo para o Kima Kieza, depois para o Calawenda.

Nesse último ponto, faz ligação com a lagoa do Patrício (na Lagoa do São Pedro) e Ti Kimbundu, e vai até ao aterro sanitário dos Mulemvos, descendo para Cacuaco. É neste ponto onde está projetada a construção de uma bacia para a amortização do fluxo de água na zona das antigas salinas e escoar para o mar.

“O braço, que bifurca na Praça da Madeira, vai para o bairro da Sapu, entra para o Campus Universitário para receber as águas do Kilamba e dar ao bairro 4 de Abril, no Calemba II”, enumerou.

O rio passa pela zona da Igreja Maná, Catintom, Nova Vida, Camorteiro, Talatona e desagua no mar, com 66 quilómetros de percurso.

Fonte: Jornal de Angola

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