Médicos angolanos chamam a atenção das mulheres para os perigos da gestação depois dos 35 anos

Um processo doloroso, inexplicável, arriscado e desaconselhável. É desta forma que Luísa Alberto, actualmente, com 39 anos, classifica uma gestação acima dos 35.

A afirmação de Luísa, mãe de três meninas, é resultado da experiência que viveu quando estava grávida, até há duas semanas, cerca de 12 anos depois da penúltima gestação.

A moradora do bairro Prenda, município de Luanda, descreveu negativamente o que viveu durante a gestação da filha caçula, que nasceu no dia 2 deste mês. Por exemplo, revelou que, nos últimos períodos da gravidez, a pressão arterial baixava muito e regularmente, um episódio que a mulher referiu que marcará para sempre a sua vida.

“Foi mesmo um terror, porque era muito difícil aguentar a gravidez”, salientou Luísa, que vive no décimo andar de um prédio sem elevador. Por causa disso, nos últimos dias da gestação, ficava só em casa, por medo de pressão baixar e correr o risco de cair.

Além desse problema de pressão, acrescentou que sentia fortes dores nas articulações, também, resultado dos 12 anos de intervalo interpartal entre as duas últimas filhas.

Sempre que ia ao médico, recebia explicações de que as dores eram por causa do longo tempo que ficou sem engravidar. “Antes dessa gravidez que fiz com idade materna avançada, nunca tinha sentido nada disso nas articulações nem problemas de tensão arterial”.

Luísa deu à luz à primeira filha aos 21 anos e à segunda aos 27. Nessas duas situações, a mulher recordou não ter sentido grandes dores de parto. “Mas, o último foi o mais duro. Tive, até, medo, por achar que fosse morrer”, confessou.

Mesmo no seu desespero, Luísa Alberto ainda pôde verificar, durante o tempo que ficou no Hospital Materno Infantil Augusto Ngangula, que havia grávidas mais velhas que ela e em situação pior, devido às patologias que adquiriram no decorrer da gestação.

“Graças a Deus, além dos sintomas que mencionei, não tive casos como de outras mulheres. Muitas foram ao bloco e algumas perderam os bebés no parto”, lamentou a senhora.

Por isso, aconselhou as mulheres a não engravidarem tarde, para evitar os riscos de uma gravidez com idade materna avançada.

Duas semanas depois de dar à luz ao último rebento se passaram, mas quando a mulher pensa nos momentos desafiantes da última gestação fica toda arrepiada. “Não é fácil esse momento sem Deus”, disse.

Dar à luz dos 20 aos 30 anos

O caso de Luísa Alberto é muito comum nos centros materno-infantis, de onde algumas mulheres saem traumatizadas pelas dores que sentiram durante os últimos dias da gestação e no parto.

O médico interno de Ginecologia e Obstetrícia João Simão, colocado no Hospital Especializado Augusto Ngangula, definiu a gravidez com idade materna avançada que ocorre acima dos 35 anos.

Para o especialista, a fase mais aconselhada para a concepção de uma gestação, por ter menos riscos, é dos 20 aos 30 anos.

Tecnicamente, segundo João Simão, as mulheres que engravidam, pela primeira vez, com idade acima dos 35 anos são consideradas como primogestas idosas.

“Toda a gravidez que acontece nesta fase traz consigo complicações que podem ser maternas ou fetais, em função do aparecimento do envelhecimento no organismo”, explicou.

Nalguns casos, disse que aparece no organismo da mulher patologias próprias de cada faixa etária, como hipertensão arterial, diabetes millitus e epilepsia.

Eclâmpsia é risco à espreita

João Simão avançou que a hipertensão arterial durante a gestação é considerada como pré-eclâmpsia e pode evoluir até a uma eclâmpsia.

A pré-eclâmpsia é toda hipertensão que surge numa mulher depois de 20 semanas de gestação e quando as cifras tensionais começam a se aferir acima de 140 para a pressão sistólica (valor mais alto que aparece durante uma aferição e está ligada ao movimento de concentração do coração) e 190 para pressão diastólica (valor mais baixo e está ligado ao relaxamento do coração).

O médico realçou que a patologia pode começar de forma leve e agravar-se durante a gestação. “Quando a mulher não for bem acompanhada, pode evoluir para eclâmpsia, em consequência da existência de convulsões ou coma”.

O gineco-obstetra apontou, ainda, as doenças hipertensivas gestacionais como as principais causas de mortes maternas em Angola, seguida das hemorragias pós-parto. Quando uma hipertensa não é bem acompanhada, pode desenvolver, a qualquer momento, um acidente cerebral vascular, uma insuficiência renal, infarto ou resposta inflamatória sistémica no organismo.

“Muitas mulheres nessa condição, começam o trabalho de parto domiciliar por viverem em zonas onde não existem hospitais que operam. Essa situação pode levar à rotura uterina”, alertou.

A diabetes millitus é outra doença que entra nesta lista. Ocorre em mulheres gestantes, por os hormónios que a placenta elabora no processo da gravidez criarem uma série de alterações no organismo, no sentido de poder nutrir o feto com resistência, por intermédio da insulina.

“Às vezes, os hormónios dão incompatibilidade devido a algumas patologias de base que a mãe acarreta”, disse, para avançar riscos de aparecimento de miomas, considerados como tumores benignos que se desenvolvem no útero e podem ficar fora, no meio ou dentro da cavidade uterina.

Tipos de mioma

Os miomas, do ponto de vista tipográfico, podem ter localização hidrometrial, que são chamadas de submucosos que se encontram dentro da cavidade uterina. Esses, por sua vez, quando se desenvolvem podem interromper o andamento de uma gestação normal, pelo facto de existir um conflito de espaço entre o mioma e o bebé.

João Simão acrescentou ainda que, neste conflito de espaços, os miomas podem fazer compressão do cordão e impedir a distensibilidade do útero, que pode originar óbito fetal intra-uterino.

Além desses, existem os miomas intramuros, que se formam dentro da parede muscular do útero e podem comprometer a cavidade uterina, e os subserosos, que se revestem na camada mais externa do útero.

“As mulheres que engravidam após os 35 anos, na maioria, desenvolvem miomas”, alertou João Simão, para destacar que quanto mais se expõem à menstruação mais sujeitas ficam a um tipo de hormónios que se chama estrogénio.

Implicações no feto

Quando concebem na idade materna avançada, segundo João Simão, as mulheres correm riscos de ter filhos especiais, com problemas de Síndrome de Down. São anomalias que o bebé pode desenvolver do ponto de vista cardiovascular ou cerebral.

O especialista explicou que na medida em que a mulher vai envelhecendo diminui a qualidade dos óvulos e sofre uma mutação genética dominante que tem sido o mecanismo de surgimento dos defeitos congénitos. Quando esses defeitos se instalam, o caso é extremamente grave com a compatibilidade e viabilidade fetal, disse. Por essa razão, considerou que se verifica um número elevado de abortos recorrentes até à trigésima semana.

“Existem casos em que, de repente, a mulher já não sente os movimentos do bebé. E, os exames dão conta de óbito fetal no primeiro trimestre, por conta da malformação congénita”, lamentou o médico.

O gineco-obstetra realçou que esses bebés nascem com alguma desproporção no crescimento e acabam por não ter o peso ideal, que, para um recém-nascido, deve ser de 2500 até 3900 gm. “Algumas morrem após os 26 dias de vida”, rematou.

Consultas pré-natais obrigatórias

Para evitar uma série de complicações durante uma gravidez tardia, a médica Jerusa Gamboa, especialista em Ginecologia e Obstetrícia, aconselhou as mulheres à realização de consultas pré-natais regulares.

“Nesses casos, mandamos fazer uma ecografia morfológica do primeiro e segundo trimestres, para rastrear e identificar as alterações fetais”, explicou Jerusa Gamboa.

A médica da Maternidade Lucrécia Paim garantiu ser possível que uma gravidez acima dos 35 anos não cause complicações à mulher e ao bebé.

“No caso da nossa Maternidade, temos atendido muitas mulheres em idade igual ou superior aos 35 anos com desfecho favorável”, destacou a médica.

Em relação ao intervalo recomendado entre um e outro filho, Jerusa Gamboa fez saber que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um espaçamento de 24 meses.

Fonte: JA

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