Apenas 14% da população em idade ativa em Angola tem emprego formal, revelam dados do INE
Luanda, 17 de abril de 2025 – Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, referentes ao quarto trimestre de 2024, revelam um cenário preocupante no mercado de trabalho do país: apenas 14 em cada 100 pessoas em idade ativa possuem emprego formal. Os números destacam a predominância da informalidade, que continua a ser a principal fonte de ocupação para a maioria dos angolanos.
Crescimento do emprego, mas com predominância da informalidade
No ano passado, foram criados 889.641 novos empregos em Angola. Desse total, 607.367 (68%) foram gerados na informalidade, enquanto apenas 282.274 (32%) corresponderam a postos formais, que oferecem maior estabilidade, segurança e direitos trabalhistas. Apesar do crescimento econômico recorde em 2024 – o maior dos últimos dez anos –, o avanço do emprego formal ainda não foi suficiente para compensar as perdas causadas pela pandemia de Covid-19 em 2020, quando 466.980 empregos formais foram extintos.
Desemprego e informalidade superam números formais
Do total de 18.083.432 pessoas em idade ativa no final de 2024:
- 12.582.279 estavam empregadas (incluindo trabalhos informais e formais);
- 5.501.153 estavam desempregadas (aumento de 35.862 em relação a 2023).
Dentre os empregados, 10.018.549 (quase 80%) sobreviviam de biscates e trabalhos informais, enquanto apenas 2.563.730 (20%) tinham empregos formais. Isso significa que, para cada 100 pessoas em idade ativa:
- 14 têm emprego formal;
- 30 estão desempregadas;
- 55 trabalham na informalidade.
Critérios de medição questionados
O INE considera como “empregado” qualquer pessoa que tenha trabalhado pelo menos uma hora na semana anterior à pesquisa, recebendo remuneração ou benefício familiar. Esse critério, embora alinhado com padrões internacionais, é criticado por especialistas, que argumentam que ele mascara a realidade do desemprego e da precariedade no país.
Desafios para o futuro
Apesar do crescimento econômico, os analistas alertam para a necessidade de políticas públicas que incentivem a formalização do trabalho e a geração de empregos de qualidade. A elevada dependência da informalidade e o aumento do desemprego destacam a urgência de medidas que promovam a inclusão produtiva e a proteção social para milhões de angolanos.
Enquanto o país celebra o crescimento do PIB, a população continua a enfrentar desafios estruturais no mercado de trabalho, com a maioria dos cidadãos vivendo sem a segurança de um emprego estável.