Isis Hembe de Oliveira é um jovem artista que tem uma deficiência física adquirida. Começou a perder os movimentos dos músculos nos seus primeiros anos de vida, depois de uma doença que, mais tarde, o levou à condição de cadeirante.
Apesar da sua situação, Isis, desde cedo, entendeu que suas limitações físicas não ultrapassariam o poder e a grandeza intelectual que carrega, por isso, viveu, assim, de forma livre, correndo atrás dos seus sonhos sem qualquer limitação mental.
“Não nasci assim. Tive uma doença que não foi determinada e, na altura, cada médico deu um diagnóstico diferente. Hoje, não sei bem o que aconteceu comigo. É um grande mistério”, considerou, para avançar não saber se foi devido ao efeito da medicação ou sequelas da enfermidade. A única coisa de que faz ideia é que terá ficado com muita febre, por isso, foi levado ao hospital. Mas, a meio do tratamento, começou a perder os movimentos nos membros.
O jovem contou um pouco sobre o seu percurso e as inúmeras dificuldades que enfrentou e ainda vive na sociedade por falta de alguma rigidez na aplicação das políticas inclusivas.
De braços abertos, o cantor decidiu quebrar as correntes mentais que poderiam atrapalhar o seu desenvolvimento e aceitar a sua condição física de cabeça erguida. É desta forma que rompe as barreiras do preconceito social.
“Sou uma pessoa com deficiência desde muito criança e é uma condição existencial que eu abracei tranquilamente. Não tenho nenhum drama em relação a isso”, destacou.
Apesar de dispor desta consciência, Isis lamentou o facto de as condições sociais não permitirem que pessoas como ele possam expressar as suas potencialidades, o que poderia ser de grande valor para o país.
O jovem artista realçou que o problema da deficiência não é algo pessoal, porque quando há inclusão social, essas pessoas vivem as suas vidas de forma tranquila.
Para Isis Hembe de Oliveira, o que se precisa é de maior sensibilidade dos governantes e da sociedade em geral, porque a deficiência é uma condição natural que pode ser gerida com a maior tranquilidade e felicidade possíveis.
Barreiras académicas e de acesso ao emprego
Isis Hembe confessou que teve muitas dificuldades na vida académica, sobretudo pelo facto de, a dada altura, passar a custear todas as despesas advindas da formação. Com o terceiro ano do curso de Canto Lírico, pelo Instituto Superior de Artes (ISARTE), Isis Hembe viu-se obrigado a interromper os estudos por causa das dificuldades nos transportes.
Por conta disso, o jovem artista acredita que, de alguma maneira, as pessoas portadoras de deficiência física vivem desamparadas pela lei e sem muitas ferramentas de promoção dos seus direitos.
“As pessoas com deficiência, eventualmente, precisam de alguma assistência a nível da saúde, até direitos económicos, ao trabalho e dos impostos que deviam ser reduzidos na aquisição de meios de assistência como a cadeira de rodas e bengalas para deficientes visuais”, apelou.
Apesar de três obras discográficas e uma EP no mercado, o rapper Isis Hembe vive, actualmente, com a mãe e dois irmãos. O curador e director artístico do Instituto Goethe apontou a problemática da escassez de oportunidades de emprego como um dos grandes desafios das pessoas com deficiência.
“Nunca tive nenhum contrato ou vínculo institucional que não fosse por freelancer. Temos muitas dificuldades nessa questão”, desabafou.
Apesar das dificuldades encontradas na procura de emprego, o apreciador da cultura decidiu direccionar o seu barco do lado contrário do vento, onde encontrou as oportunidades que o capacitam profissionalmente.
Neste momento, Isis está engajado na direcção artística de um festival internacional de inclusão para as pessoas com deficiência. “Normalmente, eu trabalho com estas instituições quando têm a ver com questões culturais”.
Antes disso, o artista já foi curador do “The Bear”, que era um espaço de artes plásticas, e participou na revista online “Palavra e Artes”. Por isso, ele refere que não tem um emprego fixo, pois, entrega-se a projectos ligados à cultura e à arte.
Adesão à cultura Hip-Hop
Desde pequeno, Isis Hembe passou a fazer parte da cultura Hip-Hop, um movimento que considera ser um dos poucos em que se sente livre e normal. “Aqui, não preciso de aceitação ou avaliação dos outros para poder mostrar as minhas valências”, realçou.
O rapper referiu que o mercado do Hip Hop não depende muito de entidades específicas, especialmente quando as pessoas reconhecem o talento do artista.
Isis disse ter lapidado o ofício dentro dessa área, onde certificaram o seu rap como qualitativo e, a partir daí, sente a aceitação e segue em frente. É com isso que lançou nos anos de 2020 e 2021 os discos, e a EP em 2022.
Apesar de todas as circunstâncias árduas por que passou, o jovem não sentiu limitações para alcançar algum sonho, meta ou objectivo, por causa das suas dificuldades locomotoras.
Para o rapper, a grande dificuldade não está em si, por ser pessoa com deficiência física, por nunca sentir que esta condição dificultou o seu desenvolvimento pessoal. O problema, na sua visão, reside na sociedade, que não está preparada para aceitar uma pessoa como ele.
“A sociedade é um espaço de negociação e a ideia é fazer com que alguns direitos sejam respeitados e a nossa existência tenha a mesma ferramenta que as pessoas sem deficiência têm para poderem se emancipar”, defendeu o artista.
Promoção de eventos
Quanto à vida amorosa, o curador garantiu que a sua condição nunca o impediu de se relacionar com mulheres. Aliás, sempre teve muitas aberturas.
Mas, o jovem prefere maior abordagem no campo profissional. Assim, enquanto director artístico do Instituto Goethe, Isis Hembe está a coordenar a realização de um festival internacional, que é um projecto de inclusão social de iniciativa da União Europeia.
Isis Hembe avançou que esse evento, que vai contar com a participação de artistas angolanos, portugueses e franceses, decorrerá sob o tema “O meu mundo” e terá uma grande presença de artistas portadoras de deficiência.
Expectativas pessoais e profissionais
Profissionalmente, Isis Hembe considera que tudo é ainda uma incógnita, embora um dos seus principais projectos seja relativo à criação de programas para incentivar o empreendedorismo e a autonomia de pessoas com deficiência.
“O meu objectivo é ver se consigo negociar com algumas instituições para criar um evento educacional, voltado ao público com deficiência, para promover a educação e o entretenimento, com vista a explorar os talentos e dar visibilidade a essas pessoas”.
Por isso, Isis Hembe deseja ser anfitrião de um programa desta natureza, no sentido de fazer com que pessoas com deficiência apresentem os seus talentos.
O artista, na casa dos 30 anos, considerou que a cultura ainda dá pouco dinheiro, daí a necessidade de diversificar os campos de actuação.
Do lado pessoal, o cantor do estilo Rap pretende investir em pequenos negócios, envolvendo pessoas que possam ajudar a desenvolvê-los.
Fonte: JA
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