No princípio, sentia regularmente muitos enjoos, que confundia com sintomas de gravidez. Mas, a seguir vinha o período menstrual e acabava com essa suspeita de gestação. Porém, a menstruação podia durar entre duas e três semanas.
Durante a fase menstrual, fortes dores no baixo ventre tomavam conta da mulher. Para piorar a situação, também tinha frequência urinária e, muitas vezes, retenção de urina.
Além disso, mesmo fora da fase menstrual, tinha constantes hemorragias. Era o que Maria José vivia todos os meses, durante seis anos.
Quando começou a sentir essas alterações no organismo, aos 37 anos, Maria encarou-a como uma condição estranha, mas deixou arrastar o problema por algum tempo, até procurar ajuda médica.
Na altura, a mulher já tinha os dois filhos, ambos com idades acima dos 15 anos. As dores eram tão fortes, que quando a atacavam, Maria José sequer conseguia colocar-se em pé.
A filha mais crescida era obrigada a dar banho à mãe. “Era muito sangue. Nem posso imaginar mais alguém nessa condição”, desabafou a mulher que está, agora, com 50 anos.
A empregada doméstica descobriu o verdadeiro problema que a apoquentava, em finais de 2016, após ter consultado os serviços de uma renomada clínica privada de Luanda. Antes, acorreu às unidades públicas e centros médicos e não tinha o diagnóstico do problema.
“Eu fui tarde à procura dos hospitais, por achar que fosse algo que passaria rápido. Depois de agravar mesmo, não podia mais guardar a doença em casa”, reconheceu a mulher, para aconselhar que as consultas de rotina são fundamentais para prevenir complicações no corpo.
Maria conta a história com certa melancolia. Por isso, faz uma pausa, soluça e suspira aliviada, por saber que jamais voltará a viver momentos tão desesperados como aqueles de há sete anos.
Mas, Maria quis continuar a partilhar a sua dura experiência. A mulher, residente em Luanda, desde muito cedo, depois de abandonar o interior do país, destacou que foi numa consulta e com base em exames clínicos que lhe foi dito, inicialmente, que tinha uma inflamação pélvica.
Fez os primeiros tratamentos, mas a situação prevalecia. Depois de andar por várias unidades hospitalares, os especialistas da clínica disseram-na o que nenhuma mulher quer ouvir!
“Disseram-me que eu tinha um mioma submucoso e que toda cavidade uterina encontrava-se comprometida”, explicou, para acrescentar que, na altura, não tinha condições para fazer o tratamento na clínica.
Maria José é uma mulher forte e considera-se guerreira, mas sempre que recorda esses momentos por que passou, as lágrimas tomam conta do seu rosto. Pela gravidade do mioma, que pesou quatro quilogramas, teve de sofrer uma histerectomia, que é a retirada do útero através de cirurgia.
“Quero chamar a atenção das jovens, para quando sentirem sintomas como os que tive, para acorrerem ao médico, porque há quem confunda o mioma com gravidez”, alertou.
Depois do que passou, Maria José transformou-se numa espécie de activista familiar para questões de saúde. Hoje, ela sabe que o mioma é um problema que afecta, maioritariamente, jovens dos 20 aos 30 anos, mas é mais grave em mulheres com idade acima dos 40.
Momentos de angústia
Por incapacidade financeira, Maria não pôde continuar o tratamento na clínica. Com a ajuda de uma médica, foi parar ao Hospital Américo Boavida, onde passou a receber assistência nas consultas externas, a partir de 2017.
Nesta unidade hospitalar pública, ficou internada por um mês. Após o exame de endoscopia, a médica que a acompanhava disse que a única solução para o caso de Maria era a remoção do mioma e, também, do útero.
A mulher entrou em pânico. Não foi fácil receber a informação que perderia o útero. Para facilitar esse processo, o hospital arranjou-lhe um psicólogo, com quem trabalhou por um período antes da operação.
“O psicólogo foi bastante paciente, pois, informou sobre a gravidade do meu problema e qual era a melhor solução. Doeu ouvir tudo aquilo, mas tive que assinar o termo de responsabilidade, para seguir o procedimento”, explicou com mágoa. Apesar de considerar-se uma pessoa sem idade para procriar, a senhora disse que “ser mulher sem o útero é como se não fosse”, lamentou.
Uma ameaça para pessoas com histórico familiar
Os miomas uterinos são tumores que se podem encontrar no útero de mulheres em idade fértil, explicou João Simão, médico interno de Ginecologia e Obstetrícia.
Estes tumores, segundo o especialista, afectam 50 por cento de mulheres em idade reprodutiva. Para já, disse não existir uma causa específica do problema, mas avançou que há vários factores de risco que podem se associar para o surgimento dos miomas no útero de uma mulher.
Por exemplo, o médico alertou que “as mulheres com histórico familiar associado a este tipo de situações são mais propensas a ter os miomas uterinos”.
João Simão precisou que a doença, quando diagnosticada em mulheres com idade compreendida entre os 20 e 30 anos, o tratamento é individualizado em função do tamanho, a quantidade, a localização e a sintomatologia.
No entanto, quando atinge as senhoras com idade acima dos 40, com a prole constituída o tratamento pode ser histerectomia (retirar o útero).
Em relação aos factores de risco de desenvolvimento dos miomas, João Simão apontou a menarca precoce, ou seja, a primeira menstruação antes dos dez anos.
Além disso, o médico avançou que as mulheres da raça negra e as com dificuldades de conceber têm mais probabilidades de desenvolver os miomas, sobretudo, a partir dos 30 anos.
A obesidade é outro factor de risco, para se desenvolver o problema dos miomas, razão pela qual o médico chamou a atenção para o equilíbrio do peso nas mulheres.
“É preciso combater o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool, pois a obesidade constitui um agente de risco para a evolução dos miomas”, despertou o médico.
João Simão esclareceu que a mutação de uma célula do miométrio e duplicações consecutivas podem, igualmente, contribuir para este tipo de situação.
Razões da remoção do útero
Depois da transfusão do sangue, um dos passos que se segue é a realização de estudos destinados a esclarecer o problema.
Nesta fase, os especialistas explicam aos familiares, caso haja muita evolução da distorção do útero, para a possibilidade de se optar pela “histerectomia”, conhecida como remoção do útero.
Quanto ao tratamento dos miomas, explicou que começam com um tratamento médico que é baseado em medicamentos para aliviar a dor, mas quando o caso é mais avançado, recorre- se ao procedimento cirúrgico.
O médico salientou que o tratamento depende do grau de acometimento da paciente. Por exemplo, há aqueles miomas que se apresentam com dores leves, sem dificuldades relativamente nas suas condutas normais, o que leva a intervenções mais simples.
Gravidez na idade certa é fundamental
Antes de muitas intervenções, o médico explicou que, normalmente, se avalia a dimensão do mioma, podendo este atingir até um volume comparado ao de uma gestação de 20 semanas (cinco meses).
Se uma paciente apresentar dificuldades em engravidar e o diagnóstico for presença deste tipo de tumores, recorre-se ao processo de “miomectomia”, que consiste apenas na retirada do mioma, preservando o útero para reproduzir.
Além desse tratamento, caso o mioma esteja na fase inicial, os especialistas orientam para não se mexer. “A mulher na idade reprodutiva pode engravidar, porque os miomas nem sempre intorpecem a gestação.
O médico considerou importante que as mulheres em idade reprodutiva engravidem na fase recomendada para isso, ou seja, dos 20 aos 30 anos, com vista a evitarem a exposição massiva aos estrogénios (hormónios ligados ao processo da menstruação).
Principais sintomas da doença
O termo “mioma” pode variar de acordo com a sua localização. Por exemplo, quando estiver na parte externa do utero, chama-se “subseroso”.
O médico João Simão destacou que, se o problema surgir no meio do utero é conhecido por “intramurais”, enquanto se houver desenvolvimento na cavidade uterina, são conhecidos por miomas “submucosos”.
Quanto aos sintomas, o especialista explicou que aparecem em função da localização do mioma, razão pela qual se começa o diagnóstico com um interrogatório, exame físico. João Simão explicou que, além desse método, recorre-se aos exames de imagem (ecografias), que têm ajudado no diagnóstico dos miomas.
“Os subserosos são miomas que podem causar vários sintomas e, à medida que crescem, vão comprimindo os outros órgãos, com destaque para a bexiga e recto”, disse.
Ao explicar o problema da senhora Maria José, o gineco-obstetra referiu que a dificuldade ao urinar e a sensação de peso no baixo ventre são sintomas de alerta para casos de miomas. O médico avançou que se pode detectar pacientes com dores no acto sexual e dificuldades em defecar, devido à compressão do tumor no recto.
Quanto aos miomas intramurais e submucosos, disse que estes apresentam sintomas próprios, que vão desde sangramentos irregulares e aumento do fluxo menstrual.
“Quando isso acontece, às vezes faz-se uma transfusão de sangue para tratar a anemia causada pela hemorragia”, explicou, para salientar que esse problema de sangramento tem sido a principal causa que leva muitas senhoras à cirurgia.
Fonte: JA
Ver mais em: https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/mioma-um-mal-que-afecta-metade-de-mulheres-em-idade-fertil/
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