Quisto no ovário: O drama vivido por muitas mulheres em idade fértil em Angola

As dores de Antónia Sebastião até hoje continuam intensas. Por causa disso, há noites em que ela não consegue dormir e noutros momentos sequer atreve-se a colocar-se em pé, porque boa parte das vezes perde forças no corpo.

Quando fica sem forças no corpo, muitas vezes, prefere deitar no chão, onde fica por várias horas e faz tudo, desde alimentação às necessidades fisiológicas básicas. A situação piora ainda mais quando está no período menstrual, que pode levar de duas a três semanas. O único porém é que mesmo na fase pós-menstrual as dores também não a largam.

A jovem, de 20 anos, moradora do bairro Rocha Pinto, é mãe de um menino de três anos e está grávida de cinco meses. A gestação, conta, tem sido um problema. A preocupação, revelou, é um quisto no ovário, que lhe foi diagnosticado em Janeiro deste ano. “Depois de descobrir o problema, passei por exames e a tomar vários medicamentos”, disse.

Actualmente, à espera dos resultados de alguns exames, que deve entregar ao médico, Antónia desconfia que o quisto no ovário tenha surgido em função da injecção de planeamento, feita no ano passado, num posto de saúde do bairro onde vive. “Comecei a sentir algumas dores leves depois de ter feito o planeamento. Uma médica tinha me dito que o método utilizado não era apropriado para a minha idade”, explicou.

Mesmo com as dores intensas, Antónia descobriu que apesar de ter estado menstruada, acabou por engravidar. “Fiquei espantada, no mês de Julho, com a gestação, uma vez  que, nos meses anteriores tive uma menstruação regular. Foi inesperado”, contou, além de realçar que apesar da medicação feita e do repouso absoluto as dores continuam. “Em Agosto, quando fiz a segunda ecografia, soube que estava já no quarto mês de gravidez”.

A gravidez, disse, foi uma surpresa inesperada. “Nem sequer comprei ainda alguns medicamentos. Tudo foi muito inesperado”, explicou, com tristeza na voz, ao lembrar que os exames mostraram ainda que tem uma torção no ovário, razão pela qual lhe foi recomendado fazer pouco esforço, para não colocar a gestação em risco.


Tumores que afectam 80 por cento das jovens

Os quistos ovarianos, na maioria, são tumores benignos, com conteúdo líquido, semi-líquido ou sólido no interior e frequentes em mulheres na idade reprodutiva, como explica o ginecologista-obstetra João Simão.

Para o médico, cerca de 80 por cento das mulheres em idade reprodutiva podem ser diagnosticadas com um determinado tipo de quisto do ovário, embora a patologia possa acometer todas as faixas etárias. “Existem quistos que podem ser diagnosticados na infância, na adolescência e na fase da idade reprodutiva, neste último caso, entre os 20 e 45 anos”, explicou o especialista.

Estes tumores, disse, têm classificações em função da faixa etária em que a mulher se encontra, o que para os profissionais de saúde exige abordagem diferente. Um exemplo, citou, muito recorrente ocorre quando se solicita uma ecografia, para diagnóstico de uma enfermidade do aparelho genital feminino, e no relatório é referido quisto no ovário.

João Simão referiu que tem recebido pacientes com bastantes preocupações e ansiosas, a maioria com ecografias em que têm confirmados quistos do ovário. No caso de Antónia, ameaçada pela presença do quisto, estando grávida, o  especialista explicou que este problema nas mulheres grávidas não representa perigos, no primeiro trimestre.

“Este tipo de patologia só se torna preocupante se, por ventura produzir alguns sintomas que derivam da implicância própria dos tumores. Facto que não é frequente”, esclareceu, além de avançar que nesta idade são mais frequentes os  quistos do corpo lúteo, mas não têm grandes influências na gestação.

Causas não infecciosas

Quanto às causas dos quistos no ovário, o médico explica que as mesmas, não têm uma origem infecciosa.

“Normalmente,  o mecanismo que faz com que as mulheres menstruam, começa do hipotálamo que permite  estimular a hipófise e esta, por sua vez libera dois hormónios (são folículos estimulante e luteinizante) liberados na circulação e exercem a sua função no ovário, estimulando o crescimento dos folículos dos quais um deles após o seu  amadurecimento libera o óvulo (gameta sexual feminino)”, esclareceu.    Muitas vezes, os quistos no ovário  podem resultar de um crescimento anormal de células do ovário, dando origem aos  tumores malignos, que surgem normalmente e são mais  frequência  depois da menopausa. A menopausa é a cessação fisiológica da menstruação em decorrência da diminuição da função ovariana, sendo um evento natural nas mulheres.

Patologias que dispensam tratamento

O gineco-obstetra João Simão esclareceu que quando a mulher menstrua e, em função do ciclo menstrual, se formam os folículos (estruturas que ficam nos ovários e abrigam os óvulos). Estes folículos, por sua vez, se desenvolvem durante o ciclo menstrual. Depois do folículo dominante amadurecer, é liberado o óvulo no 14º dia. “Se a mulher tiver relações sexuais nesta altura, acontece a fecundação”.

Muitas vezes, esclareceu o médico, o folículo que libera o óvulo pode conter líquido no interior e, se a mulher neste período, fizer uma ecografia, pode ser  interpretado como um quisto. O quisto, acrescentou, que  se desenvolve   neste  processo  e é denominado por “quisto do corpo lúteo”. Geralmente, é uma anomalia funcional, que não tem significação patológica do ponto de vista semiológico.

Além destes, existem os quistos tecaluteínicos. Estes têm sido  diagnosticados  em  mulheres que têm gravidezes molares,  ou seja, se forma apenas o tecido trofoblástico que dá origem à placenta e não ao feto.

“As  mulheres que chegam a ter esse tipo de gravidez,  infelizmente, consideramos não  viável”, disse, adiantando que, na maioria das vezes, é preferível interromper em função das complicações  que surgem durante  o seu desenvolvimento.

Por isso, acrescentou o especialista, do ponto de vista semiológico estes tumores não precisam de tratamentos, mas sim de um acompanhamento. Em função disso, João Simão aconselhou as mulheres, em especial em idade reprodutiva, a procurarem as unidades de saúde quando diagnosticadas com quisto no ovário, para um acompanhamento, que pode durar entre dois a três meses.

“O processo vai depender da dimensão do quisto. É preciso aferir se esta é uma anomalia que está a aumentar de tamanho ou a regredir”, explica, além de avançar que quando crescem demasiado podem existir duas complicações, a torção e a rotura.

O gineco-obstetra precisou que se o quisto se rompe, pode criar uma complicação, denominada “peritonite química”, caracterizada pela inflamação da membrana que reveste internamente a cavidade abdominal. “Caso o peritoneu seja afectado, pode  se constituir uma emergência do ponto de vista ginecológico”.

As pacientes, salientou, quando acorrem aos hospitais, têm manifestações clínicas próprias. “Portanto, quer o rompimento de um quisto, quer a torção, têm sinais e sintomas próprios que os caracterizam e obrigam, muitas vezes, a uma intervenção cirúrgica”, informou.

Quando o quisto torce, avançou, força os vasos que alimentam o ovário a obstruir o fluxo sanguíneo. Por essa razão, surge a necrose, ou seja, a putrefacção do  ovário. “Se a paciente  manifestar  um  quadro, denominado abdómen agudo,  vai ter uma dor abdominal intensa, náuseas, vómitos e, muitas vezes, desmaios”, realçou João Simão, para alertar que pode haver a necessidade de uma cirurgia no sentido de se evitar outras  complicações na mulher, algumas, inclusive, fatais.

Fonte: JA

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