Angola e Zâmbia retomaram a circulação de pessoas e bens a partir da fronteira entre o município do Rivungo (Cuando Cubango) e Shangombo (localidade do país vizinho), depois de dois anos encerrada, no âmbito das medidas comuns de combate à pandemia da Covid-19 adoptadas pelos dois governos.
O governador do Cuando Cubango, José Martins, pelo lado angolano, e o administrador em exercício do distrito de Shangombo, Nsankanga Shangwe Acting, pelo lado zambiano, conduziram a cerimónia de reabertura da fronteira, no sábado, marcada pelo tom de aproximação política, acentuando, assim, os laços fraternos entre os dois povos e países.
O canal fluvial que separa o município de Rivungo e a localidade de Shangombo, através do rio Cuando, num raio de dez quilómetros, mereceu a atenção das duas delegações. O posto fronteiriço, agora reaberto, era o único que ainda estava encerrado.
O governador do Cuando Cubango, José Martins, disse que a reabertura da fronteira com a República da Zâmbia, através do distrito do Shangombo e Rivungo, “vai reanimar a circulação e as trocas comerciais entre os dois povos irmãos que convivem à volta do posto fronteiriço, num raio de cerca de 100 quilómetros de extensão fluvial.
Acrescentou que as circunstâncias oferecem, com a circulação via canal fluvial, ao posto aduaneiro do Rivungo vantagens económicas e comerciais. “As populações que residem na orla fronteiriça do rio Cuando terão mais facilidade para organizar a vida, uma vez que, podemos dizer, acabaram as dificuldades decorrentes do encerramento da fronteira, devido às medidas de prevenção e combate à Covid-19”, frisou.
O governador José Martins referiu que os dois anos, durante os quais os povos na região estavam limitados, dá lugar a uma nova era, marcada pela aquisição de bens alimentares, acesso à educação e assistência médica e medicamentosa, conforme a realidade de zonas partilhadas por dois ou mais países.
A retoma das actividades no canal fluvial, realçou, proporciona ao Estado a oportunidade de arrecadação de mais receitas, que, a seu tempo, permitirá aliviar o sofrimento das comunidades que habitam a zona fronteiriça. Neste particular, recordou que as autoridades criam sempre as condições técnicas para inibir a travessia clandestina de cidadãos.
O Governo do Cuando Cubango está a traçar novas estratégias para a maximização de receitas, no intuito de concluir as obras do posto aduaneiro do Rivungo, paralisadas há mais de quatro anos, cuja execução física se encontra avançada em 80 por cento, deu a conhecer o governante.
José Martins sublinhou que o município do Rivungo, região potencialmente agrícola, com alta na produção de milho, massambala, massango e alho, terá maiores facilidades, com a conclusão do projecto acima mencionado, para escoar os produtos do campo para as superfícies comerciais localizadas em centros urbanos da Zâmbia, tida como um dos principais mercados naquela região.
José Martins exortou os efectivos da Polícia de Guarda Fronteira, Fiscal, do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), entre outras forças que intervêm no asseguramento e protecção das fronteiras, no sentido de redobrarem esforços para impedir a entrada de pessoas e de mercadorias de forma ilícita.
Por sua vez, o administrador em exercício do distrito do Shangombo, Nsankanga Shangwe Acting, disse que a reabertura da fronteira vai minimizar o sofrimento das populações, sobretudo as que vivem ao longo da área comum, que, devido à Covid-19, ficaram condicionadas na aquisição de bens para suprir as necessidades.
“Com esta decisão do Governo angolano, além do alívio social, também vamos observar o desenvolvimento das localidades que estão distantes das principais capitais”, afirmou.
Em relação à circulação de pessoas e bens, as autoridades provinciais informaram que todos os postos fronteiriços no Cuando Cubango já estão em actividade. Destes, sete são comuns com a Namíbia, nomeadamente os postos de Olupale, Catuitui, Cuangar, Calai, Dirico, Mucusso e Buabuata, um com a Zâmbia, o qual foi reaberto no sábado.
Fonte: Correio da Kianda
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