Desrespeito dos cemitérios e túmulos

O vigário paroquial da Igreja Nossa Senhora da Nazaré, padre Correia Hilário, lamentou, terça-feira(01), em Luanda, a forma como muitos cidadãos desrespeitam os cemitérios e túmulos, quando se realizam funerais.

O sacerdote, que falava em alusão ao Dia dos Finados, que hoje se assinala, criticou o uso de bebidas alcoólicas em cemitérios, gritarias e danças profanas, bem como os que pisam em campas.

Defendeu a necessidade de se acabar com a venda de bebidas alcoólicas nas imediações dos cemitérios, para que “os mortos descansem em paz”.

Acrescentou que os campos santos, como também são chamados os cemitérios, devem ser lugares para pensar e refletir sobre a vida e recordar os ente-queridos que já partiram para a eternidade

“É tarefa de todos os cidadãos, crentes ou não, proteger e cuidar os cemitérios”, disse o padre Correia Hilário.

Segundo o sacerdote, a limpeza dos cemitérios não deve ser feita, apenas, nas proximidades do Dia dos Finados.

Informou que o dia 2 de Novembro é a data em que a igreja lembra as pessoas que nos precederam na fé e que esperam, pela misericórdia de Deus, a salvação das suas almas, através da ressurreição.

“Desde os primeiros tempos, a igreja honrou a memória dos defuntos”, sublinhou o sacerdote, acrescentando que “lembrai-vos dos nossos irmãos que adormeceram na esperança da ressurreição”.

De referir que fiéis católicos de todo o mundo, desde o ano 1331, lembram, com orações e visitas aos túmulos dos ente-queridos, o Dia dos Defuntos, incluído no calendário litúrgico.

Foi em 1915, por causa da morte de vários cristãos, causada pela I Guerra Mundial, que o papa Bento XV havia emitido um decreto que orientava todos os padres a rezar missas, em memória dos defuntos.

Defendida a valorização das tradições culturais

O regedor Rodrigues Maliji (Kambathokwe) disse que as autoridades tradicionais na cidade do Luena estão muito preocupadas com os casos de vandalização de cemitérios e túmulos, que acontecem de forma reiterada, nos últimos tempos.

Acrescentou que, no passado, havia poucas mortes, porque as pessoas tinham respeito e valorizavam as tradições.

Segundo Kambathokwe, nos encontros que as autoridades tradicionais têm tido com a população constatou-se que a maior parte das pessoas que vandalizam cemitérios e túmulos são provenientes de países vizinhos.

Afirmou que os que vandalizam os cemitérios e túmulos, com ideias de bruxaria, procuram retirar, dos cadáveres, dentes e outros órgãos, para enriquecer, o que, lamentavelmente, acontece em quase todos os cemitérios dos bairros periféricos da cidade do Luena.

Referiu que a falta de fiscalização por parte de alguns sobas e coordenadores de bairros faz com que indivíduos de outras nacionalidades se instalem em certas localidades por muito tempo, sem conhecimento das autoridades.

“Devemos ser mais vigilantes para identificarmos todas as pessoas estranhas que chegam nas nossas comunidades, saber de onde veio e o que faz”, disse o regedor, afirmando que, no passado, não ocorriam actos de vandalização de cemitérios e túmulos, mas, hoje, devido ao convívio com muitos cidadãos de outras nacionalidades “os nossos valores mais sagrados estão a ser profanados”.

Para o sociólogo Higino Sambuquila, os cemitérios devem ser respeitados, pois são locais onde repousam os restos mortais das pessoas que um dia “conviveram connosco”.

Segundo o sociólogo, “estamos” perante uma sociedade que tem muitas crenças e tradições, onde muitas pessoas pensam que a conquista das suas realizações materiais passa, necessariamente, por práticas místicas e ocultas, como, por exemplo, tomar banho em cemitérios e desenterrar cadáveres, para retirar alguns órgãos para se ter riqueza ou para defesa pessoal.

“Há muita gente que pensa que para ter sucesso deve simplesmente recorrer a um quimbandeiro”, disse, sublinhando que o Estado e as igrejas devem implementar políticas educativas, para desencorajar tais práticas.

“O cemitério é um patrimônio público e quem o vandaliza deve ser sancionado”, acrescentou o sociólogo, que pediu maior proteção destes lugares e o impedimento da circulação de pessoas em horas inapropriadas.

O director de Infra-Estruturas, Ordenamento do Território e Habitação da Administração Municipal do Moxico afirmou que a cidade do Luena tem, apenas, quatro cemitérios legalizados, e, atendendo o surgimento de novas localidades, existe um projecto de abertura de outros.

Afirmou que o cemitério municipal do Moxico, localizado no bairro Capango, vai ser reabilitado, estando prevista a elevação do muro de vedação, para impedir o acesso aos malfeitores.

Casos de vandalização aumentam no Luena

Habitantes da cidade do Luena, na província do Moxico, defendem medidas duras, por parte das autoridades, para desencorajar actos de vandalização de cemitérios, que tendem a aumentar, nos últimos tempos.

No passado mês de Outubro, segundo o que apurou o Jornal de Angola, foram identificados 11 túmulos abertos e vários corpos foram retirados, para fins inconfessos, o que preocupa a população e as autoridades administrativas e policiais.

“Quando alguém vai ao cemitério com outros interesses e chega ao ponto de desenterrar um corpo está a pedir a sua morte”, disse o historiador cultural do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos.

Segundo Salvador Cacoma, os seres humanos devem ter respeito dos lugares onde repousam as almas das pessoas que no passado fizeram parte deste mundo e que ao longo dos anos deixaram boas lembranças.

“Nenhum quimbandeiro tem poder de trazer riqueza usando partes do corpo de um defunto”, disse Salvador Cacoma, que condenou os actos de vandalização de túmulos e de exumação de cadáveres para fins inconfessos.

Lembrou que, na cultura africana, o cemitério representa medo e nas comunidades longe das cidades ninguém se atreve a cortar pau ou fazer uma lavra próximo do local onde estão enterrados ente-queridos.

Acrescentou que os indivíduos que brincam nos cemitérios estão endemoninhados, ouvindo conselhos malignos para praticarem actos que atentam contra os princípios culturais dos povos.

Salvador Cacoma pede ao Governo Provincial a colocação de iluminação nos cemitérios, para inibir a actuação dos vândalos, que, quando identificados, devem ser severamente punidos.

Fonte: Jornal de Angola

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