A braços com uma grave crise económica, o Ghana decidiu baixar os salários dos titulares de cargos públicos, incluindo o do próprio Presidente da República.
Num discurso de meia hora, transmitido domingo à noite pela televisão local, o Presidente do Ghana, Nana Akufo-Addo, dirigiu-se à nação para explicar uma série de medidas que o seu Governo tomará para sair da turbulência financeira, incluindo para apoiar a produção doméstica.
Entre estas medidas, Nana Akufo-Addo anunciou um corte de 30% nos gastos discricionários orçados e nos salários do Presidente, vice-Presidente, ministros, vice-ministros e titulares de cargos políticos.
“Estamos em crise, não exagero quando digo isso. Não consigo encontrar um exemplo na história em que tantas forças do mal se uniram ao mesmo tempo. Mas, como mostrámos em outras circunstâncias, vamos transformar esta crise numa oportunidade para resolver não apenas os problemas urgentes de curto prazo, mas os problemas estruturais de longo prazo, que continuam a atormentar a nossa economia”, expressou o líder ghanense, citado pela Efe.
A ascensão da pandemia da Covid-19 inaugurou uma era de desilusão. O crescimento desacelerou e o dinheiro emprestado nos mercados tornou-se cada vez mais caro. Essas dificuldades foram exacerbadas pelo impacto do conflito russo-ucraniano nos preços dos alimentos e da energia em todo o mundo.
A inflação no país subiu para mais de 37%, enquanto a moeda foi desvalorizando num ritmo imprevisto: desde o início do ano, o Cedi, moeda nacional, perdeu mais de 40% em relação ao dólar. Mais importante ainda, a dívida, o calcanhar de Aquiles da economia ghanense, disparou. Actualmente, representa quase 80% do produto interno bruto do país.
Um fardo intransponível obrigou o Governo de Accra a romper com um distanciamento de três anos e pedir a ajuda do FMI. Este é o 17º pedido ao FMI para um novo plano de ajuda, desde a independência do país, em 1957.
“Recorremos ao Fundo (Monetário Internacional) para reparar, a curto prazo, as nossas finanças públicas e restabelecer a nossa balança de pagamentos, enquanto continuamos a trabalhar nas mudanças estruturais de médio e longo prazo, que estão no centro de nosso objectivo de construir uma economia resiliente e robusta”, sublinhou.
Fonte: Jornal de Angola
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