Gravidez precoce contribuiu para aumento da morbimortalidade materna em Angola

Cento 63 meninas por mil engravidam precocemente em Angola, factor que contribui para o aumento da morbimortalidade materna e do abandono escolar.

Segundo a directora dos serviços ambulatórios da maternidade Lucrécia Paim, em entrevista à ANGOP, Eurídice Chongolola, está cifra coloca Angola entre os principais países da África subsariana a enfrentar esta problemática.

Frisou que quanto mais gravidezes precoces se registar, maior é será o número de mortes maternas, devido a falta de  estrutura física  e biológica  para suportar uma gestação.

De acordo com especialista em ginecologia e obstetrícia, muitas dessas menores vêm de uma segunda gestação.

A maternidade, afirmou,   tem  apenas o registo de cerca de 49 % dos partos, sendo que o  restante é  feito fora das instituições, onde os registos de mortes não são alistados na referida unidade.

A nível institucional, disse, a maternidade  chega a atender  por média entre 10 a 12 adolescentes por dia, com maior frequência para as idades  precoces  entre os  10  aos 15 anos de idade.

Referiu que neste mês de Junho,  dedicado à criança, deve haver uma maior reflexão sobre a gravidez precoce, pois o quadro é preocupante.

Apontou o abuso sexual como uma das causas da gravidez precoce, seguido da falta de educação sexual, pobreza, ingenuidade e submissão.

Para além da gravidez precoce, Eurídice Chongolola disse que o abuso sexual também têm redundado em doenças de transmissão sexual, como hepatites B e HIV.

Explicou que a gravidez na adolescência aumenta o risco da morte materna e infantil , partos prematuros, anemia, aborto espontâneo, eclâmpsia e depressão pós parto.

Impacto da gravidez durante a adolescência e nas famílias

Para a também presidente do Colégio do Sindicato da Ordem dos Médicos de Angola , a  gravidez é um acontecimento importante na família, principalmente na vida da mulher, mas quando ocorre na adolescência pode trazer um maior grau de vulnerabilidade ou risco social para mães e filhos, principalmente os recém-nascidos.

A própria adolescência, considera, constitui uma fase de autoconhecimento, transformação física, psicológica e social.

Nesse sentido, para a puberdade e futuras mães a gravidez requer não apenas  mudanças físicas e emocionais inerentes à essa fase, mas também outro estilo de vida, que requer maturidade biológica, psicológica e socioeconómica para atender às suas necessidades.

Para Eurídice Chongolola, na maioria dos casos o pai também é adolescente, isso leva a dependência da família e a falta de preparação financeira.

Perante este o quadro, tornar-se pai ou mãe nesta fase têm consequências desafiadoras para adolescentes e filhos futuros. “Portanto, o espaço de prevenção e cuidado deve ser aberto a todos os envolvidos”.

Advogou a necessidade da existência nas escolas de programas educacionais sobre sexualidade para minimizar esta problemática.

O Estado  deve proteger as crianças e, por isso, esta deve ser também uma via de promoção dos seus direitos.

Para si, as causas já estão identificadas  e trabalho está a ser feito, apenas  precisa-se de um maior  apoio multidireccional de vários sectores, desde as igrejas, instituições sociais, encarregados de educação e do próprio Estado.

Fonte: Angop

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