Direcções e docentes de Instituições do Ensino Superior Público (IESP) estão preocupados com a ausência de estudantes nas salas de aula, desde o início do ano académico, na passada segunda-feira.
No Campus da Universidade Agostinho Neto (UAN), por exemplo, ontem, na maioria das salas de aula havia poucos estudantes e outras estavam encerradas.
Entre as salas abertas, algumas tinham estudantes que faziam exames de recurso, referentes ao ano académico 2022/2023.
Vicente Lopes, director do Gabinete de Tecnologias de Informação e Comunicação da UAN, disse ao Jornal de Angola que tem sido frequente a ausência de estudantes nos primeiros dias de aulas, o que dificulta o cumprimento do programa e das actividades lectivas.
Os docentes, acrescentou, estão disponíveis para o início das aulas. “Temos 965 docentes disponíveis, que aguardam nas salas de aula pela presença dos estudantes”.
Antes da ronda no Campus Universitário, a equipa do Jornal de Angola passou pela Faculdade de Economia e pela Faculdade de Ciências, Unidades Orgânicas da UAN, onde o cenário era idêntico ao encontrado na sede da instituição, no Distrito Urbano da Camama.
Eram, exactamente, 8h50, quando a equipa de reportagem do Jornal de Angola, chegou ao local onde estão localizadas as referidas faculdades, tendo encontrado os serviços de secretariado encerrados.
Na Faculdade de Humanidades, o figurino era parecido, notando-se, apenas, a presença de alguns auxiliares de limpeza e funcionários administrativos, que não podiam dar informações oficiais devido à ausência dos membros de direcção autorizados a falar à imprensa.
Na Faculdade de Direito, outra Unidade Orgânica da Universidade Agostinho Neto, o cenário foi totalmente diferente ao encontrado nas congéneres de Economia e de Ciências, na Avenida 4 de Fevereiro, na Marginal de Luanda. Ali, no interior das instalações, situadas na avenida Ho Chi Minh, notou-se a presença da maioria dos estudantes e professores.
Na UAN, o ano académico foi aberto na semana passada, no anfiteatro do Campus Universitário, com a aula de sapiência ministrada pelo professor Carlos Teixeira, mestre e docente da Faculdade de Direito.
Processo de ensino no ISPEKA começa na segunda-feira
O ano académico no Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola (ISPEKA) começa na próxima segunda-feira, às 9h00, com uma aula inaugural de sapiência, em Luanda, sobre “Gestão da qualidade dos processos de ensino”, garantiu, ontem, o vice-presidente para os Assuntos Académicos da instituição.
Amadeu Barros disse, em exclusivo ao Jornal de Angola, que a aula de sapiência será ministrada pelo especialista em Ciências da Educação António Mesquita Guimarães, no anfiteatro do ISPEKA, seguindo-se a cerimónia de baptismo dos caloiros.
Antes da aula inaugural do ano académico 2023/24, esclareceu o catedrático, o presidente do ISPEKA, António Martins, fará o discurso de honra e de abertura das actividades naquele estabelecimento de Ensino Superior Privado.
O Professor revelou que, para este ano académico, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) disponibilizou 5.060 vagas, mas apenas foram seleccionados 2.730 candidatos durante os exames de ingresso.
O ISPEKA, acrescentou, neste ano académico vai contar com mais de oito mil estudantes, estando criadas todas as condições técnicas, humanas, pedagógicas e científicas para o arranque das aulas.
O vice-presidente para os Assuntos Académicos explicou que os cursos de Enfermagem, Análises Clínicas, Medicina Dentária, Direito, Relações Internacionais, Engenharia Informática, Gestão e Administração são os mais procurados.
Segundo Amadeu Barros, a comunidade estudantil procura pouco os cursos de Mecânica, Construção Civil e Engenharia de Petróleos.
De acordo com Amadeu Barros, o ISPEKA possui mais de 100 salas de aula, distribuídos em dois blocos, no Distrito Urbano da Camama, e conta com 188 docentes.
“Neste semestre, vamos começar com 98 docentes, que já têm os horários. Grande parte foi reconduzido e não temos défice”, garantiu o vice-presidente para os Asssuntos Académicos.
O ISPEKA é constituído pelos Departamentos de Engenharia e Tecnologias (DPET), de Ciências Sociais e Humanas (DPCSH) e Ciências da Saúde (DPCS).
De acordo com o calendário académico, divulgado no mês passado pelo MESCTI, o início oficial das aulas no Ensino Superior nas instituições públicas, público-privadas e privadas no país deveria começar no passado dia 2.
Segundo o mesmo documento oficial, as actividades lectivas, avaliação contínua, realização de provas de frequência e a publicação dos resultados decorrerão entre 2 de Outubro e 22 de Dezembro.
Universidade de Luanda regista absentismo
O professor do curso de Contabilidade, Gestão, Logística, Transportes e Aeronáutica da Universidade de Luanda António Massamba mostrou-se, ontem, preocupado com a ausência de estudantes naquela Instituição do Ensino Superior Privado (IESP).
“É triste, na primeira semana de aulas, os estudantes não aparecerem. Os docentes devem ser rígidos e dar aulas e não ficarem sentados nos departamentos”, sublinhou.
O também chefe de Departamento de Ensino e Investigação de Gestão e Contabi- lidade (DEI) reconheceu que a ausência da maior parte dos estudantes do Ensino Superior nos primeiros dias de aulas já se tornou hábito.
“Podemos dizer que a adesão dos estudantes ainda está muito fraca. Tem sido cultura em Angola, no início das aulas os estudantes não aparecerem”, contou, manifestando-se desapontado com a atitude da comunidade estudantil da Universidade de Luanda.
Para inverter o quadro, António Massamba apelou aos docentes de outras IES no sentido de darem aulas aos estudantes presentes e a não aguardarem que as salas fiquem cheias.
“Na nossa universidade, estou a encorajar os colegas a darem aulas com um ou dois estudantes. Na sexta-feira ou na próxima semana teremos avaliações”, avisou o professor.
Estudante defende medidas disciplinares aos faltosos
Emanuel Sebastião, estudante do 2º ano do curso de Gestão Logística e Transportes na Universidade de Luanda, defendeu medidas disciplinares rigorosas aos que insistirem em não aparecer nos primeiros dias de aulas.
O futuro gestor de logística e transportes disse ao Jornal de Angola que a maior parte dos colegas esteve presente na cerimónia de abertura do ano académico, realizada na passada segunda-feira.
“Os colegas participaram do acto solene de abertura, mas nunca mais apareceram. Os professores têm vindo, por exemplo, hoje, tive duas aulas programadas”, explicou o estudante, visivelmente aborrecido com o número de ausentes na sala de aula.
Para Emanuel Sebastião, a ausência dos colegas vai, certamente, criar alguns problemas durante as actividades lectivas, avaliação contínua e provas de frequência.
“Os professores estão a cumprir com o calendário académico e a universidade deveria arranjar métodos para incentivar os alunos a estarem presentes nas aulas, bem como ter medidas de punição”, disse, admitindo que as faltas têm interferido no programa dos docentes, que visa o cumprimento do plano gizado pela Direcção dos Assuntos Académicos da universidade.
Emanuel Sebastião explicou que a comunicação sobre as aulas e outras actividades escolares entre colegas é feita num grupo criado no Whats- App. “Temos um grupo no WhatsApp e a informação passa para todos, as ausências nas aulas são por vontade própria. Eles sabem que as aulas começaram segunda-feira”, disse.
Fonte: JA
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