As operações na rede Multicaixa (que engloba os pagamentos nos ATMs, TPAs, Multicaixa Express e Internet Banking) não param de crescer. Entretanto, aumenta o número de cartões válidos, mas regista-se menos Caixas automáticas para responder à procura pelos serviços de pagamentos.
O rácio das Caixas Automáticas (CA), vulgo ATMs estimado em 3.194, versus o número de cartões multicaixas activos (6,2 milhões) em 2022, mostra que por cada máquina espalhada nos diversos pontos pelo País há pelo menos 1.944 usuários, segundo cálculos do Expansão com base nas Estatísticas do Sistema de Pagamentos do Banco Nacional de Angola (BNA).
De acordo com os dados do Banco Central, até Dezembro de 2022 haviam 3.194 ATM”S, o que representa uma queda de 2% face a 2021, ou seja, menos 53 máquinas disponíveis para os utilizadores. Já os cartões multicaixa activos cresceram 12% para 6,2 milhões quando comparado com os 5,6 milhões verificados em 2021. Em 2021 havia mais ATM”s e menos cartões activos, o que representava um rácio de 1.715 para cada caixa. Contas feitas, numa altura em que aumenta o número de utilizadores de artões multicaixa, os ATM”s estão a diminuir, um cenário nada abonatório para os clientes bancários que no início de cada mês desesperam em longas filas para levantar dinheiro, num país onde a maior parte da economia é informal, o que pressupõe que a maior parte dos pagamentos sejam feitos em numerário.
A diminuição de ATM”s disponíveis deve-se ao encerramento do banco Prestígio, mas também contribuírampara a redução dos ATM”s o encerramento de algumas agências do Banco Económico e do Banco de Poupança e Crédito (BPC).
Assim, em 2022, foram feitas 233 milhões de operações financeiras nos ATM”s, o que corresponde a 5,1 biliões Kz, onde cerca de 66% (3,3 biliões) foram levantamentos. Já as operações não financeiras (consultas de saldo, de IBAN, entre outras) tiveram 180,4 milhões de registos.
Quanto aos terminais de pagamento automático, vulgos TPA, em 2022 estavam matriculados 159.376. As estatísticas revelam que no período em análise foram feitas mais de 331,4 milhões de operações financeiras nos TPAs, que correspondem ao total de 4,9 biliões Kz, 99,6% deste valor foram compras.
A capital concentra mais de metade dos meios de rede multicaixa de todo o País. Em 2022, Luanda tinha 1.871 Caixas automáticas (ATMs), o equivalente a 59% do total registado em todo território nacional. Segue-se Benguela com 251, Huíla com 183 e Huambo com 128, juntas são as províncias com maiores números de multicaixas. Bengo é a província com menos Caixas, no final do ano passado tinha apenas 30 ATMs registados, o equivalente a 1%.
Quanto ao número de TPAs, Luanda acumula 74%, do total de 159.376 terminais contabilizados em 2022, seguem-se as mesmas províncias, Benguela, Huíla e Huambo com 7.839, 5.189 e 5.103, respectivamente. Sem surpresa, o Bengo foi a província com menor número de TPA”S registados, com apenas 616.
Mais Multicaixa e menos cheques
Ainda de acordo com os números do BNA, o sistema de Pagamento Angolano (SPA) registou 779,7 milhões de processos de pagamentos realizados pela rede MULTICAIXA, o que corresponde à movimentação de mais de 16,2 biliões Kz, em 2022.
Os pagamentos na rede MULTICAIXA correspondem às operações financeiras em Caixas Automáticos (vulgo ATMs), Terminais de Pagamento Automáticos (TPA), canal Homebanking (H2H) e Multicaixa Express (MCXE), realizadas com cartões MULTICAIXA, excluindo os levantamentos.
Os ATMs representam 35% dos valores movimentados na rede multicaixa, seguidos das operações feitas através da aplicação MULTICAIXA Express com 32,6% e TPA com 30,7%. Apenas 1,7% é realizado por internet Banking. No ano passado foram movimentados 103, 6 biliões Kz, correspondentes a soma dos pagamentos processados através dos seguintes sistemas: SPTR (75,6 biliões Kz), MCX (16,2 biliões), STC (11,6 biliões) e SCC (154 mil milhões Kz).
Enquanto a rede MULTICAIXA regista maior movimentação, o maior volume de dinheiro processado no Sistema de pagamentos nacional é feito através do SPTR (que assegura o processamento automático e a liquidação em tempo real, operação por operação, de transferências electrónicas de fundos entre bancos em moeda nacional) com 75,6 biliões Kz.
O STC (que possibilita a transferência electrónica de fundos ordenados pelos pagadores e enviados pelo banco do pagador para o beneficiário) também tem crescido. Em 2014, foram registadas mais 860 mil operações, tendo-se verificado uma tendência crescente até 2021 onde se ultrapassou mais de 18 milhões de operações, o corresponde a 8,7 biliões Kz de pagamentos por transferência a crédito. Um crescimento de mais de 2.000% em relação a 2014. No ano passado, as transferências STC cresceram 34% para 11,6 biliões Kz, como resultado de mais de 22 milhões de operações.
Já os cheques são cada vez menos utilizados. Em 2022, foram processados apenas 24.802 operações através de SCV/SCC (que assegura a compensação de cheques e de ordens de saque) e por esta via foram pagos cerca de 154,8 mil milhões Kz, representando apenas 0,1% das operações do sistema de pagamentos.
Em 2010 foram usados cerca de 460 mil cheques e ordens de saque, no ano seguinte subiu para 474 mil. Em 2014 atingiu os 625 mil cheques e ordens de saque, o valor mais alto desde a última década. De lá para cá, a utilização dos cheques tem reduzido significativamente, tendo registado apenas 45 mil operações em 2021, uma redução de 93% em relação ao ano de 2014. Se a utilização de cheques caiu, os que não têm provisão, conhecidos por “cheques carecas” acompanham a tendência. Em 2022, foram devolvidos 345 cheques sem provisão, no valor de 5.062 milhões Kz, o que compara com os 7.664 cheques carecas verificados em 2014, no valor de 17,6 mil milhões Kz.
Fonte: Jornal Expansão
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