O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi confrontado na quinta-feira, 01, com apelos da oposição para que renuncie, depois de uma comissão parlamentar de inquérito ter concluído que o chefe de Estado pode ter violado leis anti-corrupção. O caso ainda pode resultar na abertura de um processo de impeachment.
O escândalo eclodiu em Junho, quando o antigo chefe dos serviços secretos sul-africanos Arthur Fraser disse que Ramaphosa escondia uma elevada quantia de dinheiro dentro de um sofá na sede de sua fazenda, em Phala Phala. Segundo Fraser, o dinheiro foi roubado em Fevereiro de 2020 por criminosos comuns com o auxílio de um empregado da propriedade, mas Ramaphosa não comunicou o crime à polícia.
Ainda de acordo com Fraser, os criminosos foram sequestrados e depois subornados para que não falassem sobre o caso. Ainda segundo Fraser, autoridades da vizinha Namíbia foram accionadas para prender um suspeito, tudo fora de canais oficiais.
Fraser disse que Ramaphosa escondia pelo menos 4 milhões de dólares em dinheiro na sua fazenda e acusou o presidente de lavagem de dinheiro e violação de leis de controlo de moeda estrangeira.
No seu relatório, divulgado nesta quarta-feira, 30, a comissão parlamentar levantou questões sobre a origem do dinheiro e por que o valor foi escondido das autoridades financeiras, apontando ainda um potencial conflito entre os negócios do presidente e os interesses do Estado.
Ramaphosa confirmou o roubo, mas disse que a quantia roubada foi menor do que a alegada e negou ter tentado encobrir o caso.
Ele disse que cerca de 580 mil dólares foram roubados da fazenda e que o dinheiro provinha da venda de gado.
Ramaphosa ascendeu à Presidência em 2018, com discurso de combate à corrupção, em contraponto com os escândalos que atingiram seu antecessor, o ex-presidente Jacob Zuma.
O escândalo também ocorre num momento delicado para Ramaphosa, em meio a disputas internas no seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC). No momento, Ramaphosa ambiciona ser reeleito para a liderança do partido no congresso partidário marcado ainda para este ano, algo que lhe permitiria recandidatar-se à presidência da África do Sul, em 2024.
O porta-voz do presidente, Vincent Magwenya, chegou a dizer que Ramaphosa faria um discurso à nação nesta quinta, mas voltou atrás. Segundo o porta-voz, Ramaphosa passou o dia consultando actores políticos sobre suas opções.
Fonte: Correio Kianda
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