O Chefe de Estado, João Lourenço, discursa, hoje, na sede das Nações Unidas, aqui em Nova Iorque, Estados Unidos da América, na Cúpula dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), encontro que vai lançar um olhar para a necessidade de se acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares do mundo, desfrutem de paz e de prosperidade.
Este encontro, abreviadamente designado por Cimeira dos ODS, é considerado um dos mais importantes da semana de alto nível da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que arranca amanhã e vai até ao dia 26 deste mês, com o habitual discurso de abertura do Brasil, seguido dos Estados Unidos da América.
A Cimeira dos ODS, que arranca hoje até amanhã, vai reunir os líderes mundiais, a fim de se colocar o mundo, novamente, no caminho de um futuro mais sustentável, limpo, seguro e justo para todos, bem como adoptar uma declaração política virada para o futuro, que vai reafirmar o compromisso de não deixar ninguém para trás.
O embaixador extraordinário e plenipotenciário e representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Francisco José da Cruz, fez saber que o estadista angolano, que se encontra em Nova Iorque desde sábado último para participar na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, vai discursar na Cimeira dos ODS como presidente em exercício da Comunidade dos Países da África Austral (SADC).
Francisco José Cruz referiu que este momento vai servir para o Presidente João Lourenço fazer um balanço sobre o desenvolvimento a nível da região no que diz respeito à implementação dos ODS, com destaque para as oportunidades que emergem na região, bem como os apoios necessários para que ela consiga cumprir, efectivamente, as metas dos objectivos da Agenda 2030 das Nações Unidas.
Ao pronunciar-se sobre este evento, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que o mesmo representa “um salto quântico em resposta às dramáticas falhas que têm sido observadas até agora na implementação dessas metas”.
Citado pela ONU News, Guterres referiu estar “esperançoso” em relação a uma declaração positiva dos líderes mundiais para o avanço dessa estratégia, que disse implicar investimentos anuais de 500 bilhões de Dólares.
O Secretário-Geral anunciou, nesta ocasião, que existe uma ampla gama de propostas, incluindo algumas novas, que podem ajudar a superar a lacuna de financiamento nos países em desenvolvimento.
Antes da Cimeira dos ODS, avança a ONU News, os países a participarem nele já haviam exposto os desafios e os caminhos a seguir, num rascunho de declaração, cujo texto afirma que a concretização dos ODS está em perigo.
Este documento refere que na metade do caminho da Agenda 2030 regista-se um quadro em que apenas 12 por cento dos ODS estão no caminho certo, ao passo que 30 por cento permanecem inalterados ou abaixo da linha de base de 2015.
Apesar deste quadro, os líderes mundiais afirmam, neste documento, estarem esperançosos, dado o facto de o mundo, a humanidade e as Nações Unidas possuírem uma história de resiliência e de superação de desafios.
Uma análise divulgada antes da Semana de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas, avançada pela ONU News, alerta que, no ritmo actual, a meta dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, de acabar com a pobreza infantil extrema até 2030, correrá o risco de não ser cumprida.
O relatório destaca que a África Subsaariana detém a maior quantidade de crianças vivendo em extrema pobreza e responde pelo maior aumento na última década, saltando de 54,8 por cento em 2013 para 71,1 por cento em 2022.
Sobre este particular, a directora executiva do Unicef, Catherine Russell, afirmou que as crises acumuladas dos impactos da Covid-19, conflitos, mudanças climáticas e choques económicos paralisaram o progresso, impactando, deste modo, a população infantil.
Estima-se que 333 milhões de crianças, em todo o mundo, venham a viver na linha da pobreza extrema, segundo uma análise do Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, e do Banco Mundial.
Preparação da presença angolana
A Missão Permanente de Angola junto das Nações Unidas acolheu, ontem, em Nova Iorque, a Reunião Ministerial Preparatória da participação do país à 78ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, que inicia hoje, na cidade norte-americana.
A reunião foi orientada por Téte António, ministro das Relações Exteriores, e serviu para analisar a agenda de trabalho da semana de Alto Nível e os seus conteúdos, bem como todos os aspectos logísticos do evento.
A 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas vai decorrer de 19 a 26 Setembro, em Nova Iorque, sob o lema: “Reconstruir a Confiança e Renovar a Solidariedade Global através de Acções para Acelerar a Implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 para Alcançar a Paz, a Prosperidade, Progresso e Sustentabilidade para Todos”.
Durante a Semana de Alto Nível da 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas estão previstos, em paralelo ao Debate Geral, oito eventos, nomeadamente, Cimeira dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável; Cimeira sobre Ambição Climática; Diálogo de Alto Nível sobre Financiamento para o Desenvolvimento; Reunião Ministerial sobre a Cimeira do Futuro; Reunião de Alto Nível sobre Prevenção, Preparação e Resposta à Pandemias; Reunião de Alto Nível sobre Cobertura Universal de Saúde; Reunião de Alto Nível sobre a Tuberculose; e Reunião de Alto Nível sobre Armas Nucleares.
A Reunião Ministerial Preparatória da participação de Angola a 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas contou com a participação dos ministros Vera Daves de Sousa (das Finanças), Mário Caetano João (Economia e Planeamento), Ana Paula de Carvalho (Ambiente) e de Esmeralda Mendonça (secretária de Estado para as Relações Exteriores).
Cerca de 92 por cento dos ODS necessitam de infra-estruturas
Numa entrevista concedida ao Podcast da ONU News, em Julho deste ano, o director executivo do Escritório da ONU para os Serviços de Projectos (UNOPS), Jorge Moreira da Silva, adiantou que 92 por cento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável dependem de infra-estruturação para serem cumpridos.
Jorge Moreira da Silva, que falava sobre as reformas naquela agência e parcerias cruciais para o cumprimento da Agenda 2030, disse ser fundamental fazer-se uma forte aposta na infra-estruturação certa, tornando-a mais justa, mais inclusiva, mais acessível, de modo a se cumprir os ODS.
O director executivo do UNOPS sublinhou que o mundo está na “Década de Acção” para acelerar a implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, mas o peso da infra-estrutura deve ser fundamental nos esforços, para se atingir as metas acordadas em 2015 pelos 193 países-membros da ONU.
Moreira da Silva, de nacionalidade portuguesa, advertiu que se o quadro permanecer inalterado, será difícil atingirem-se as metas traçadas no quadro dos ODS. Referindo-se, concretamente, às alterações climáticas, indicou que 82 por cento das actuais emissões estão relacionadas com as infra-estruturas, o que, como sublinhou, pode comprometer o Acordo de Paris, caso não se faça alguma coisa para alterar a tendência.
O UNOPS é a agência que trata das operações, sendo, neste caso, o braço das Nações Unidas para a implementação e fazer acontecer. A agência actua com o Banco Mundial e outras organizações, sempre em parceria com os governos, mas não desenha nenhum projecto. Ela concentra-se na execução de planos que já foram traçados pelos governos nacionais.
Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável da ONU
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, formado por 17 metas, constam da Agenda 2030 da ONU, que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável, como sócio, económico, ambiental, que promove a paz, a justiça e instituições eficazes.
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) têm como base os progressos e lições aprendidas com os 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos entre 2000 e 2015, e são fruto do trabalho conjunto de Governos e cidadãos de todo o mundo.
A Agenda 2030 e os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável são, na prática, a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e uma lista das coisas a serem feitas em nome dos povos e do planeta.
Formam os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas a erradicação da pobreza, da fome, promoção da saúde de qualidade, educação de qualidade, igualdade de género, água potável e saneamento, energias renováveis e acessíveis, trabalho digno e crescimento económico, indústria, inovação e infra-estruturas, reduzir as desigualdade, cidades e comunidades sustentáveis, produção e consumo sustentáveis, acção climática, proteger a vida marinha, proteger a vida terrestre, paz, justiça e instituições eficazes e parcerias para a implementação dos objectivos.
Fonte: JA
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