Produção de móveis e mobiliário abrem portas ao mercado de emprego

A produção de móveis e mobiliário movimenta centenas de negócios e milhares de empregos no Huambo, sob a influência da substituição das importações que dominavam o mercado, oriundas da Namíbia, Emirados Árabes Unidos e China, por produtos das carpintarias e marcenarias locais.

Num percurso pela indústria de produção de móveis e mobiliário, o Jornal de Angola apurou que a província do Huambo é favorecida por dispor de toda a cadeia de valor do sector madeireiro, com as operações a envolverem a reflorestação, corte e serração, bem como a carpintaria e marcenaria.

No Huambo, onde o desafio reside na substituição da oferta anteriormente importada de mercados dominados pelo requinte, estes ofícios são ocupados por verdadeiros artistas, gente perspicaz ao ponto de transformar a produção expedida das suas unidades, na preferência do público.

A carpintaria e marcenaria Estofo Nicolau, que emprega 38 trabalhadores nos arredores da cidade do Huambo, dedica-se à produção de madeira serrada e ao fabrico mobiliário desde 1997, mas desenvolve, também, a área de projectos de interiores, uma marca própria com padrões nacionais.

Nicolau Sojamba, o proprietário, disse à nossa reportagem que a actividade é impulsionada pela exploração da madeira, algo que, no Huambo, é feito com base nos princípios do respeito pelo ambiente.

A empresa trabalha com dois tipos de madeira, sendo uma apropriada para portas almofadadas, oriunda de Cabinda e adquirida em Luanda, com a outra negociada no Huambo, que é de eucalipto, pinho e cedro, em obras que, pelo tipo de material usado, são caracterizadas pela durabilidade, que pode ser de até 40 anos.

A retoma da exploração industrial da madeira na província do Huambo começou de forma tímida em 2004 e, de lá para cá, têm crescido na medida em que aumenta o envolvimento do sector empresarial privado.

Sublinhou que a imposição de limites, pelo Governo, à exportação de madeira em toro, entre outras medidas legais e administrativas com a finalidade de agregar valor à actividade madeireira, resultou num cenário mais atractivo para o investimento em indústrias de transformação de madeira, em particular, a de confecção de mobília.

A Estofos Nicolau tem estado a consolidar as vendas ao longo dos últimos cinco anos, incluindo os dois recentes, quando as restrições adoptadas para conter a propagação da pandemia da Covid-19, impuseram limites à transportações de mercadorias entre províncias e favoreceram as aquisições locais.

“Quando os produtos de outros países chegavam à província, vendíamos uma mesa ou mesmo nada num mês inteiro. Até era difícil ter encomenda: hoje, vendemos de 10 a 15 portas por dia, de três a cinco camas por semana e até de seis a oito armários de cozinhas, que quase não eram encomendados, por mês”, disse Nicolau Sojamba.

A oferta da Estofos Nicolau inclui mesas, cadeiras, guarda-fatos, armários, secretárias, camas e sofás, com preços que vão dos 70 mil e aos 300 mil kwanzas.

Do aperto dos tempos em que o mercado era dominado pelas importações, Nicolau Sojamba anunciou à nossa reportagem que um dos grandes objectivos da fábrica é liderança do mercado angolano de mobiliário.

Transferência tecnológica

A indústria e móveis e mobiliário do Huambo também é favorecida pelo decurso, naquela província, de uma partilha conhecimentos e de tecnologia, onde os principais protagonistas empresas como a carpintaria Studio Oke, do vietnamita Bui Van Nami, que se instalou naquelas paragens, em 2007, com uma linha de produção equipada com tecnologia moderna para a montagem de peças de madeira e granito, assim como uma loja para comercialização e distribuição.

A empresa instalou no Huambo “muitas novidades do mundo moderno, com móveis para casa e escritório, realçando-se peças para sala de jantar e de visitas, quartos, assim como para quintais e para pequenas e grandes empresas.

Com uma oferta dessa forma qualitativa, a Studio Oke considera conduzir-se por uma política de preço razoável e que se ajusta às orientações do mercado: “a ideia é mantermo-nos longe da especulação”, disse Bui Van Nami.

Lamentou o facto de muitos consumidores angolanos desconhecerem a produção dos carpinteiros do Huambo, e considera que os produtos de carpintaria chegam a ter mais qualidade, quando comparados com alguns dos importados da china, com a produção obtida com madeira de Cabinda a atrair mais clientes.

Bui Van Nami explicou que a sua carpintaria está a ganhar espaço, beneficiada pelas barreiras aduaneiras impostas sobre a importação de artigos de madeira da Namíbia.

O vietnamita concorda em que a produção industrial e artesanal e as vendas de móveis e mobiliário subiram muito desde que os clientes deixaram de comprar na Namíbia e China.

A companhia conta com 43 trabalhadores, sendo 15 vietnamitas, oito chineses e 20 angolanos, tem uma capacidade de produção instalada para processar de 100 a 150 metros cúbicos de madeira por dia, possuindo “stocks” permanente de 80 portas, oito mesas de seis a oito cadeiras, 12 guarda-fatos e 30 bancas.

“O equipamento sofisticado que trouxe da china e Vietnam faz despertar a carpintaria no Bié, Cuando Cubango, Moxico, Benguela e outras províncias”, afirmou o empresário oriental, declarando que o país pode dispensar a importação de mobília e demais material de madeira utilizado nas obras de construção civil, produtos com os quais o país também emprega elevadas somas de divisas.

O vietnamita explicou que a adesão de entidades singulares e colectiva a carpintaria deve-se a facto de os bens serem produzidos com matéria-prima local, sem taxas de importação. “Os consumidores optam pela compra de produtos feitos localmente, mas estes também têm qualidade e são duradouros”, disse.

Bui Van Nami diz que os meses que vão de Outubro até Fevereiro são épocas em que os clientes mais acorrem à marcenaria que existe há 18 anos e agora só produz por encomenda.

De acordo com o proprietário o fabrico de mobílias com qualidade, deu ganhos tão significativos que, neste momento, tem mais cinco marcenarias na província do Huambo, com capacidade para transformar mais de 150 metros cúbicos de madeira por dia, em cada unidade fabril de serralharia, com uma facturação situada entre dois e três milhões a de kwanzas por mês.


Incentivos do Estado

Gabriel Sassoma, considerado um dos maiores madeireiros do Huambo, transforma 180 metros cúbicos por dia na produção de mobiliário e materiais de construção civil, algo que considera insuficiente para a dimensão do mercado da empresa.

Mas, investimentos mais robustos no sector da transformação de madeira só podem ocorrer com base numa redução de impostos e a concessão de crédito bancário, para se conseguir “um produto acabado nacional em grande escala, diversidade e preços atractivos”.

Segundo Gabriel Sassoma, “não basta a matéria-prima de base, (madeira), é necessária a cadeia industrial conexa”, estando-se a falar de produtos como cola, vernizes, acrílicos, PVC, parafusos, dobradiças, chapa de alumínio e outros materiais, além da maquinaria e do material de reposição.

O facto de a indústria estar a usar exaustivamente a madeira de eucaliptos e de espécies nobres adquiridas em Cabinda, alertou, levanta a questão de uma “rigorosa aposta” na reflorestação, para aumentar a produção, evitar a escassez e observar os princípios ambientais.

Produção da província fideliza clientes

Os consumidores do Huambo aparentam estar a obter uma crescente fidelização aos produtos da carpintaria local, apesar dos preços, que para conjuntos de quarto e sala vão dos 150 aos 300 mil kwanzas, que equivale a multiplicações do salário mínimo da Função Pública por três e por seis.

Os preços explicam-se pelo recurso a madeiras mais nobres, ou, provavelmente, adquiridas em condições de menor rigor ambiental em Cabinda e no Cuando Cubango, assim como à durabilidade, determinada em até 30 ou 40 anos.

Mas, segundo Gabriel Sassoma, a fraca oferta, no mercado nacional, de ferramentas e acessórios, bem como à escassez de contraplacado para a produção de mobília. “Se tivéssemos todos os equipamentos necessários, o nosso trabalho estaria mais facilitado e aumentaríamos a produção”, sublinhou o empresário.

Esperança Cinco-Réis, vendedora de madeira no mercado informal do Capango, disse que este é um negócio “um pouco difícil”, porque tem de comprar a madeira na província de Benguela e Cuando Cubango, para revender no Huambo, nesta época chuvosa, a espécie que mais compra é o eucalipto, por ser um tronco longo que pode servir de posto de electricidade.

Quintino Cassengue, que no momento da nossa reportagem fazia o levantamento de uma cama na marcenaria Studio Oke, considerou ser melhor adquirir o produto local do que o importando, por ser muito mais resistente.

Alzira Messamessa, residente no Cuando Cubango, concorda em que “o nacional é melhor”, até porque, “muitos dos que têm preferência por produtos estrangeiros, optam apenas pelas características de decoração e efeitos, mas o produto nacional é melhor, devido à sua resistência”.

Numa adaptação às exigências do mercado, oficinas como Serralharia Nacional de Ponte, onde se produzem janelas, portas e portões estão a substituir a madeira por materiais de ferro, muitas vezes importados, que modernizam os produtos, tornando-os mais atractivos para a procura.

“Os preços praticados na sua oficina variam de acordo com as dimensões da janela, portões e portas, bem como fogareiros”. O preço médio é de 30 mil por janela de um metro, quando, antes, era de entre 10 e 15 mil kwanzas.

Já os portões de 4,0 por 2,0 metros quadrados, custam, no máximo, de 450 mil kwanzas, muito acima dos 75 mil kwanzas anteriores, e as portas de 1,5 metro são vendidas de 120 a 180 mil, de acordo com tamanho.

“O aumento dos preços deve-se ao alto custo dos materiais. A nossa aposta é melhorar cada vez mais os nossos produtos para multiplicarmos as vendas e, com isso, optimizarmos os preços do material feito localmente”, disse.

Segundo o chefe da oficina o segredo do negócio é confeccionar os produtos com qualidade e exactidão e entrega das encomendas aos clientes no prazo combinado.

Fonte: Jornal de Angola

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