A Turquia quer implementar em Angola o modelo de negócios designado “Construir-Operar-Transferir”, muito utilizado pela indústria turca de construção em vários países do mundo, com o objectivo de contribuir para o fomento das exportações e participar no programa da diversificação da economia angolana, disse, ontem, em Luanda o embaixador Ufuk Ekici no seu discurso de abertura no 1º Fórum Empresarial Turquia-Angola, que está a ser promovido pela Assembleia de Exportadores Turco (TIM), em parceria com a Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX).
No evento que visa desenvolver e aumentar os volumes comerciais entre os dois países, o diplomata turco disse que o modelo de negócios “Construir-Operar-Transferir”está a permitir às empresas de construção turca a operar em várias partes do mundo, contribuindo para alto padrão de projectos de infra-estruturas.
Ufuk Ekici anotou que com a implementação deste modelo em Angola, a Turquia vai avançar para a instalação de uma indústria de montagem que pode ser uma solução de negócio para o país. “Esperamos que as empresas comecem a aplicar este modelo em Angola para contribuírem no crescimento da economia deste país”, disse.
O embaixador Ufuk Ekici referiu que para além das relações comerciais e de investimento, as empresas de construção são importantes nas operações económicas.
O diplomata sublinhou mais adiante que neste sector, as empresas turcas podem “contribuir para o crescimento da economia angolana” acrescentando que para contribuírem no bom ambiente de negocios. “A Turquia pode ajudar as empresas angolanas a adquirir experiência, conhecimento e know-how para ajudar Angola a diversificar a economia nacional”.
Visita de João Lourenço
O diplomata lembrou que a visita do Presidente João Lourenço à Turquia, em Julho de 2021, e do Presidente turco, em Outubro do mesmo ano, deu “um novo impulso nas relações comerciais e económicas dos dois países”.
Ufuk Ekici disse que para que as relações entre Angola e Turquia tenham um impulso maior, os investidores dos dois países devem “organizar mais eventos económicos que possam reunir empresas e autoridades competentes”. “Estabelecer contactos directos e construir redes são indispensáveis nessa era de alta tecnologia”, notou.
O embaixador Ekici referiu que, apesar do volume de comércio, em 2022, ter atingido os 229 milhões de dólares, este ano, o valor das exportações reduziu consideravelmente. ” Estimamos que muitas mercadorias turcas cheguem a Angola de países terceiros. Acredito que com uma linha directa de comércio tornará as transacções e operações mais rápidas, fáceis e baratas. Estou confiante de que as reuniões B&B que estão a acontecer neste Fórum Empresarial vão facilitar os contactos e as operações comerciais directos”, referiu.
Assinatura de Acordos duplica volume de trocas comerciais
O embaixador de Angola acreditado na República da Turquia, José Patrício, destacou que a cooperação entre os dois países atingiu o ponto mais alto, com a assinatura de vários Acordos e Memorandos de Entendimento que permitiram duplicar o volume das trocas comerciais, dos 250 milhões de dólares/ano, para os 500 milhões.
O diplomata angolano disse que o acréscimo de 500 milhões de dólares para o fomento do volume das trocas comerciais, foi possível com as visitas recíprocas dos dois chefes de Estados que aconteceram, em Julho e Outubro de 2021, e que os indicadores mostram estarem num excelente caminho.
“A Turquia é o quinto país com maior número de projectos registados em Angola, por isso precisamos destes projectos. Entre 2018 e 2023, transmite-nos uma projecção de crescimento assinalável do volume de investimentos entre os dois países”, disse.
Para José Patrício, Angola possui um vasto potencial de recursos naturais ociosos que devem ser transformados em riqueza, através de processos que a industrialização oferece e “é precisamente nesta área que a Turquia pode ser um agente activo e diferenciador, tendo em conta a sua capacidade inovadora e know how”.
Angola regista déficit de 213 milhões de dólares nas exportações comerciais
Angola registou, no ano passado, um déficit de 213 milhões de dólares, na balança comercial, com a República da Turquia, em que as exportações de produtos diversos situaram-se em 16 milhões, contra os 229 milhões de dólares, alcançados pelos investidores turcos no país.
Estes dados foram apresentados também ontem, em Luanda, por Ali Can Yamanyilmaz, chefe da delegação empresarial, em representação do presidente da Assembleia de Exportadores Turco (TIM), Mustafa Gultepe, na abertura oficial do Fórum de Negócios Angola-Turquia, que visa aumentar os volumes comerciais entre os dois países.
Ali Yamanyilmaz destacou que o superávit de 229 milhões de dólares obtido com as exportações da Turquia para Angola, em 2022, focou-se em cinco sectores fundamentais da economia, com destaque para cereais (95 milhões), químicos (21 milhões), máquinas (17 milhões), aço (10 milhões), produtos de origem animal e outros (10 milhões).
De acordo com Ali Yamanyilmaz, no ano passado, 20 sectores estratégicos da economia turca conseguiram aumentar as suas exportações para Angola. “Os números das exportações entre Turquia e Angola têm estado a apresentar uma tendência estável nos últimos anos. Esperamos que este ano todos esses sectores continuem a contribuir para o crescimento da economia da Turquia”, disse.
Reconheceu que, apesar das exportações de Angola para Turquia terem sido baixas, no ano passado, o país é um forte potencial na importação de produtos turcos dos sectores farmacêuticos, químicos, agricultura, pecuária, ferro, aço e máquinas.
“Acredito que num futuro próximo uma nova irá abrir-se nas relações comerciais e económicas entre Turquia e Angola. Os empresários afectos à Assembleia de Exportadores Turco estão em Angola com esse pensamento.
Fonte: Jornal de Angola
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