O governador de Luanda, Manuel Homem, inaugurou sexta-feira (30), na capital, o primeiro Instituto Médio Técnico de Administração e Gestão, construído no distrito urbano de Vila Verde, município de Belas, no quadro do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
Além da área administrativa e pedagógica, sala de informática, biblioteca, quadra desportiva, o instituto conta com um gerador eléctrico industrial e um tanque de água, porque no bairro falta energia eléctrica e água potável da rede pública.
O director municipal da Educação de Belas, Levítico Kiala, disse que as aulas começam na próxima segunda-feira e têm já matriculados 150 alunos, nos cursos de Comércio, Recursos Humanos e Finanças.
Levítico Kiala esclareceu que o processo de matrícula vai continuar, uma excepção, implementada sob orientação do Ministério da Educação, tendo em conta, que muitos candidatos ainda não têm conhecimento da existência do instituto. “Mas acreditamos que, com a inauguração e a divulgação pela imprensa, muitos vão aparecer”, confiou.
A obra custou mais de 200 milhões de kwanzas, em termos de construção e de apetrechamento.
O administrador municipal de Belas, Miguel de Almeida, disse que no sector da Educação, a localidade ainda tem muitos investimentos a serem feitos. “O distrito Vila Verde tem realmente grandes desafios, em especial no sector da energia e águas”.
Actualmente, disse Miguel de Almeida, o distrito enfrenta problemas com a água potável, energia eléctrica e estradas adequadas. “Estamos a terminar a elaboração da carteira de projectos do Município de Belas para o ano de 2023”, adiantou.
O Belas, acrescentou, é um município criado recentemente, com pouco mais de dez anos de existência e os assentamentos populacionais, assim como o seu crescimento, faz com que haja pressão por parte da administração em aumentar os equipamentos sociais para dar respostas às questões ligadas a educação e saúde, principalmente.
“Durante a visita, o governador disse que a estrada do Sossego aos Ramiros é bastante estruturante, por isso, vamos estudar uma maneira de incluí-la na projecção das vias a serem intervencionadas pelo GPL, para melhorar a mobilidade a nível do município e também desafogar a estrada N100 que liga Luanda ao sul do país”, referiu.
Distrito carente
Com a inauguração do instituto, as crianças do município de Belas, propriamente do distrito Vila Verde, que terminarem o primeiro ciclo do ensino secundário, vão ter a oportunidade de dar sequência aos estudos.
No distrito Vila Verde, o Instituto de Administração e Gestão 5 de Maio é a única escola existente. Outras estão a quatro quilómetros de distância, no distrito do Cabolombo e Sossego, cada um com um complexo escolar.
O distrito de Vila Verde tem apenas oito escolas entre primárias e complexos escolares. Mas em termos de institutos médios técnicos, o do Tanque Seco é o primeiro e único. Nesta altura, o distrito tem carência de 91 professores e 11 funcionários administrativos.
O município de Belas carece ainda de mais equipamentos sociais para dar resposta, principalmente, a algumas questões sociais de certas comunidades. O bairro Tanque Seco ainda é pouco habitado. As dificuldades incluem as de locomoção, uma vez que os táxis não chegam até na localidade. Os únicos são os mototaxistas, mas estes contam-se. As ruas são de terra batida. A maioria das casas de bloco, mas sem reboque. Os moradores vivem do abastecimento de água por cisternas e energia de Postos de Transformação (PT) privados.
Emília Domingos, de 17 anos, vive no Tanque Seco. Conseguiu matricular-se no novo instituto, no curso de Recursos Humanos. Feliz, disse que agora pode estudar próximo de casa, sem percorrer quilómetros de distância.
“Concluiu o primeiro ciclo do ensino secundário numa escola muito distante de casa. Andava muito. Para evitar estragar o calçado, devido à distância, andava de chinelos até à escola e depois punha os ténis. Já tive dores no peito, por carregar livros e cadernos por muito tempo”, lembrou, acrescentando ser uma realidade vivida por muitas crianças do bairro.
Como Emília Domingas estão também matriculadas, no novo instituto, Maria Domingos, de 17 anos, que optou pelo curso de Comércio, Eidimany Bunga, também de 17 anos, e Júlia Pedro, de 15 anos, que vão fazer a formação na mesma especialidade.
Em representação da comunidade, Moisés Lopes disse que o novo instituto representa um ganho para os moradores, que assumiram a preservação do património colectivo, um legado para as próximas gerações.
Os moradores, explicou Moisés Lopes, esperam que a administração municipal e o GPL priorizem, agora, o asfalto nas principais vias de acesso ao município. “Temos falta de centros culturais, ou de artes e ofícios, campos multiusos, mais unidades sanitárias, transportes públicos e centros infantis, espaços que dão qualidade de vida a uma comunidade”, defendeu.
Fonte: Jornal de Angola
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