Os jovens, a formação profissional e o desemprego
Um dos grandes problemas gerados pela pandemia da Covid-19 é o desemprego, que atinge jovens de diferentes continentes.
A exemplo de outros continentes, o desemprego aumentou consideravelmente em África, um continente em que, antes da pandemia da Covid-19, os jovens já se debatiam com problemas graves de falta de fontes de rendimento para o sustento das suas famílias, porque não eram absorvidos pelo mercado de trabalho, mesmo depois de terem adquirido diplomas de curso médio e superior.
Com o aumento do desemprego no continente, em consequência da paralisação de muitos sectores produtivos, com empresas a fazerem despedimentos em massa, tem-se assistido a novas abordagens relativamente a oportunidades que os jovens podem ter ao nível do mercado de trabalho.
Uma das abordagens tem a ver com a revitalização da formação técnicoprofissional, que, na opinião de muita gente, pode proporcionar a milhares de
jovens competências e habilidades para se inserirem mais rapidamente no mercado de trabalho.
A formação profissional não é ainda muito valorizada no nosso país, tendo muitos jovens optado por universidades para conseguirem um diploma, na perspectiva de entrarem no aparelho do Estado, que, em termos laborais, assegurava estabilidade, subestimando-se projectos empresariais, não por falta de vontade
de os abraçar, mas porque havia excessiva burocratização ao nível do processo de legalização da actividade produtiva de privados e um ambiente de negócios
que desencorajava potenciais empresários, em particular os jovens.
Já se sabe que o Estado não está em condições de continuar a absorver mão -de obra, salvo para sectores como a Educação e Saúde, e em casos justificáveis,
pelo que importa que a formação profissional ganhe outra dimensão em todo o território nacional para que milhares de jovens angolanos possam ter outras
perspectivas em termos de realização profissional.
Que as escolas de formação profissional não sejam vistas como parentes pobres do sector do ensino, até porque há exemplos de prestigiadas empresas a operar em Angola, nomeadamente do sector petrolífero, que recrutaram jovens angolanos que terminaram cursos nos referidos estabelecimentos de ensino.
Vivemos uma grave crise sanitária e económica, e é nos momentos de grandes dificuldades que devemos procurar as melhores soluções para os problemas.
Um país não vive apenas de técnicos formados em universidades.
As universidades são necessárias, mas não são só estes estabelecimentos de ensino que transmitem conhecimentos necessários ao crescimento económico e ao desenvolvimento do país.
Que se potenciem as escolas de formação profissional espalhadas por todo o país e se criem outras, para que haja a médio prazo uma redução substancial do número de desempregados no país.
Jornal de Angola